segunda-feira, 18 de julho de 2016

EDUÍNO DE JESUS – Poema do Amor Desesperado





Eduíno de Jesus (Ponta Delgada, Ilha de S. Miguel, Açores, Portugal, 1928).


Ensaísta, dramaturgo e principalmente poeta do modernismo se revelou Eduíno com o maior destaque. Interessado em divulgar na sua terra a nova moda literária, fundou, juntamente com outros companheiros de tertúlia, à data finalistas do secundário, uma espécie de cenáculo a que se chamou “Círculo Literário de Antero de Quental”. (…)


Por essa altura (1947-1948) Eduíno de Jesus publicou um artigo no jornal "Correio dos Açores" intitulado «O que se deve entender por uma Literatura Açoriana» que antecedeu cinco anos o de Borges Garcia sobre o mesmo tema.


São diversos os estudos e prefácios deste autor que então foram aparecendo na imprensa insular e que dedicou a autores nascidos nos Açores. (…)


Na sua obra poética publicada, é de destacar Caminho para o Desconhecido; O Rei Lua ; A Cidade Destruída durante o Eclipse. (…)


Também escreveu teatro. Apesar de episódica, a escrita dramática de Eduíno de Jesus é significativa. Na sua comédia em um acto Cinco Minutos e o Destino afirma-se partidário da «arte pela arte»: as personagens são remetidas ao anonimato e designadas no diálogo cénico pelo papel que desempenham...(…)


Para a Televisão Portuguesa, produziu e dirigiu os programas literários quinzenais «Convergências, Livros & Autores» (1969-1974).




Fonte: Direcção Regional da Cultura – Açores (excertos)



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               Poema do Amor Desesperado

Espera um pouco (até que o amor de todo nos destrua!)
Amanhã, amanhã é que esta história há-de ser contada.
Então, da nossa vida e amores, não haverá mais nada
Do que um fantasma branco balouçando à lua.

Mas é agora que tudo é verdadeiro. Amanhã, quando
Não houver de nós ambos nem o nome escrito
Em letras de pedra numa pedra num canto do mundo,
Nina, quem saberá o que foi o nosso amor profundo?
O nosso amor maldito?
O nosso amor tão grande?

É preciso, é preciso dar notícia aos grandes profetas do futuro!
(Não vão depois dizer que o nosso amor era pecado…)
Não havia nenhum muro, e para trazer calado
O mundo, é que os dois, a pedra e lágrimas, levantámos a
enorme e intransponível sombra deste muro!


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