sexta-feira, 15 de julho de 2016

ANTÓNIO JOSÉ DA SILVA, "O JUDEU"





António José da Silva, “O Judeu” (Rio de Janeiro, Brasil, 1705 – Lisboa, Portugal, 1739)

António José da Silva, “O Judeu”, é um dos grandes nomes da História da Literatura Portuguesa e Brasileira.

A família terá procurado na colónia sul-americana uma maior tolerância, numa altura em que os judeus eram perseguidos em Portugal e nas suas colónias. (…)

António José da Silva era filho do advogado e poeta João Mendes da Silva, que conseguiu manter a fé judaica secretamente, e de Lourença Coutinho, filha de um proprietário de uma plantação de cana-de-açúcar, que não conseguiu escapar das malhas inquisitórias. Em 20 de Fevereiro de 1712, Lourença Coutinho foi presa, acusada de ser judia, e foi deportada para Portugal, a bordo da nau "Calendária", onde foi entregue à Santa Inquisição. 

João Mendes da Silva decide, nessa altura, partir para Portugal para estar próximo da esposa e leva consigo os filhos: António José (7 anos), Baltazar (doze anos) e André (dez anos). A 10 de Outubro desse ano desembarcam da nau "Madre de Deus" e dez meses depois os pais de António José da Silva são condenados às penas de confiscação de bens, abjuração, hábito penitencial e cárcere, onde permanecem dez dias, acabando por se estabelecerem em Lisboa. 

Anos mais tarde, numa das suas "óperas", António José da Silva chegará a escrever os seguintes versos: "

Tirana ausência 
que me roubaste e me levaste  
da alma o melhor 
Ai de quem sente  
de um bem ausente 
a ingrata dor.

Aos 21 anos já António José da Silva frequentava o curso de Direito na Universidade de Coimbra e destacava-se pela inteligência e pelas qualidades enquanto poeta. (…)

Interessado pela dramaturgia, "O Judeu"" foi autor de uma sátira que serviu de imediato às autoridades como pretexto para a sua prisão. A 8 de Agosto de 1726, António José da Silva foi preso, juntamente com a mãe, e submetido a torturas que lhe fizeram perder a fala e que o deixaram parcialmente inválido. Após a abjuração, a penitência e o juramento de jamais cometer heresias, António José da Silva foi libertado. (…)

O período de seis anos, entre 1733 e 1738, corresponde ao auge da criação literária de António José da Silva e à sua afirmação como dramaturgo. 

As suas sátiras e comédias ficaram conhecidas como a obra do "Judeu" e foram várias vezes encenadas com grande êxito. 

Foram-lhe atribuídas obras, publicadas em vida do autor, como: Labirinto de Creta, As Variedades de Proteu, Guerras do Alecrim e Manjerona. (…)

António José da Silva, respeitado até pelo rei, viu-se preso de novo, a 5 de Outubro de 1737, juntamente com a mulher e com a mãe, já viúva. (…) Foi acusado de jejuns rituais, torturado, acabando por ser condenado como herege. (…)

A 18 de Outubro de 1739, António José da Silva foi estrangulado e queimado num Auto-de-Fé, em Lisboa, no "Campo da Lã". (…)

A sua vida e a sua obra foram fonte de inspiração para muitos, entre eles, Camilo Castelo Branco, no romance O Judeu (1866), Bernardo Santareno na peça O Judeu (1966) e, mais recentemente, o filme O Judeu (1995), uma vida encenada por Jom Tob Azulay.



Fonte: Teatro Nacional D. Maria II (excertos)




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