Matilde Rosa Araújo (Lisboa, Portugal, 1921 – 2010).
Matilde Rosa Araújo nasceu
na casa de seus avós, uma quinta na estrada de Benfica, onde contactou o meio
rural e observou o trabalho de adultos e crianças que lidavam com animais.
Estudou em casa, com
mestres escolhidos, o que a levava a dizer com expressão sonhadora, sem
amargura, «A minha infância foi muito solitária».
Nos anos quarenta, já
jovem adulta, muda-se para Lisboa.
Fez o curso de Filologia
Românica, na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, onde granjeou
grandes amizades para toda a vida.
No início da sua carreira
de professora, Matilde Rosa Araújo ensinou Português, Francês, Geografia em
escolas técnico- profissionais.
Ao longo do tempo exerceu
a docência em numerosas escolas do secundário percorrendo o país de Norte a
Sul, o que lhe permitiu conhecer a realidade de muitos lugares, base da sua
grande experiência e inspiração para poemas e contos.
Em convívio com as
educadoras, num curso de formação, ou na sequência duma sua conferência,
sublinhava a importância de se estar atenta à sensibilidade poética infantil,
que se devia desenvolver com o canto, as lengalengas, os textos rimados.
Como
pedagoga, Matilde Rosa Araújo cativava as crianças escutando-lhes as falas e os
anseios e chegava a elas pela via da literatura. Os alunos ficavam presos da
sua voz doce e sábia, que lhes abria horizontes e os impelia a pensarem e a
agirem com responsabilidade.
Além de alguns poemas e
contos publicados, Matilde inicia a sua vida literária em 1957, com o Livro da Tila, um conjunto de poemas para crianças. Mais tarde
Fernando Lopes Graça musicou todo o livro, que considerava "o melhor
cancioneiro infantil na história da música portuguesa".
Preocupada com a situação
social da infância escreve Praia Nova (1962), O Palhaço
Verde (1962), conto inspirado num menino real encontrado num circo pobre
da província, mas onde não falta a ternura infantil. Este livro teve o Prémio
para o Melhor Livro Estrangeiro da Associação Paulista de Crítica de Arte de
São Paulo, Brasil. Escreveu muitas histórias e novelas para a infância, artigos
e crónicas em jornais e colaborou com a sua prosa clara e rigorosa em
diferentes revistas: "Távola Redonda", "Graal",
"Vértice" ou "Seara Nova".
Matilde Rosa Araújo sempre
defendeu e apoiou causas justas actuando na Unicef ou no Instituto de Apoio à
Criança, ou ainda manifestando-se contra a violência e as injustiças.
Amante da paz, do
entendimento entre os povos, ansiando viver em plena democracia, num convívio
fraterno, Matilde Rosa Araújo era de grande fidelidade na amizade. Sempre
admirou os seus amigos com exaltação, não querendo nunca nada para ela, como se
não merecesse.
Mas recebeu prémios,
homenagens e louvores pela sua obra, pela sua vida, e pelas palavras que faziam
sonhar as crianças, e os adolescentes, que a escolhiam para confidente, pelo amor
que lhe retribuíam os leitores e os alunos das escolas que a Matilde continuava
a visitar com enorme alegria, sempre teve um grande significado na existência
da escritora.
Recebeu muitas mensagens
também de crianças e uma delas, que fazemos nossa, dizia: "Querida Matilde nunca te vamos esquecer".
In revista “Seara Nova” (excertos)
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Não
te assustes
Não
te assustes
É
o falar das folhas
Seu
verde falar
Com
o vento que vai
Com
o vento que vem
Não
te assustes e aprende a escutar
O
vento que vai
O
vento que vem
Verdes folhas e seu falar.
in “Segredos e Brinquedos”
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