Paul Valery – (Sète, França, 1871 – Paris, França, 1945)
Poeta, ensaísta, escritor e filósofo.
Começou publicando poemas em que se evidenciava a influência da escola simbolista de Mallarmé, mas logo passou a considerar a literatura como uma perigosa forma de idolatria.
Voltou-se, então, para a matemática, mas reencontrou o gosto pela criação artística, ao procurar estabelecer a unidade criadora do espírito, Introdução ao método de Leonard da Vinci. Elaborou uma ética puramente intelectual (A noite em companhia do Sr. Edmond Test, 1898). Depois de longa pausa, voltou à poesia (A jovem Parca, 1917; Encantos, 1922).
A partir de 1937, ensinou arte poética no “Collège de France”, sem prejuízo do desenvolvimento de suas reflexões sobre a pintura, a música e as ciências, que forneceram a matéria para diversos ensaios: Variedade, diálogos de estilo socrático, A alma e a dança, e para uma abundante obra póstuma, Meu Fausto, Cadernos.
in Dicionário KLS
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Palavras de Paul Valery:
"O número dos nossos inimigos varia na proporção do crescimento da nossa importância. Acontece o mesmo com o número dos amigos."
A Adormecida
Que segredo incandesces no peito, minha amiga,
Alma por doce máscara aspirando a flor?
De que alimentos vãos teu cândido calor
Gera essa irradiação: mulher adormecida?
Sopro, sonhos, silêncio, invencível quebranto,
Tu triunfas, ó paz mais potente que um pranto,
Quando de um pleno sono a onda grave e estendida
Conspira sobre o seio de tal inimiga
Dorme, dourada soma: sombras e abandono.
De tais dons cumulou-se esse temível sono,
Corça languidamente longa além do laço,
Que embora a alma ausente, em luta nos desertos,
Tua forma ao ventre puro, que veste um fluido braço,
Vela, Tua forma vela, e meus olhos: abertos.
Tradução: Augusto de Campos
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