CONVERSAR É UMA ARTE
Houve
mesmo quem dissesse que «para falar bem, é preciso às vezes estar calado».
Mas
deixemos os paradoxos e entremos no campo prático.
Aqui
tem algumas regras que deve observar para a procurarem, na sociedade, para se
tornar desejada a sua companhia.
- A não ser quando se
trate de alguém bem colocado, contente com a situação que possui – não fale no
trabalho.
- Não conte histórias
compridas, deixe também falar as outras pessoas.
- Com um falador, saiba
dar a réplica fisionómica: sorria, erga as sobrancelhas, diga: «Oh!», «Ah!»,
«Realmente?», «Está claro». Quando for preciso, sacuda a cabeça, entreabra a
boca, em ar de curiosidade, esboce mudas exclamações.
Mas tenha cuidado: não
diga não quando for preciso dizer sim: preste um poucochinho de atenção,
de vez em quando.
- Oiça todas as narrativas
das pessoas idosas. É óptimo para educar a vontade e constitui uma destas boas
acções que a gente recorda com suavidade, ao fazer o balanço.
- Evidentemente, que não
basta ouvir. É preciso, também, falar se não é um poids lourd que ninguém convida. Mas estude primeiro os
interlocutores para abordar assuntos que a todos interesse.
- Se contarem uma anedota
já sua conhecida, não interrompa. Oiça até ao fim e depois faça côro na
hilaridade geral. E não rectifique.
Conheci uma senhora casada
com um homem espirituoso. Ele narrava com graça e leveza qualquer história e a
gente ria-se. Logo a seguir ela vinha rectificar: - Ó Augusto, olha que te
esqueceste de dizer isto e mais aquilo…
E contava-a então ela, a
seu modo. Dava vontade de a matar.
- Nunca se meta num
assunto muito complicado ou erudito se a base não é sólida.
- Não tenha qualquer
estribilho que se torne enfadonho: “Não é?» … «E depois» …
- A dona da casa deve
deitar o assunto para a arena. O mais esperto é o que tiver a certeza de que o
sabe apanhar desenvolvendo-o.
- Não seja má-língua.
Ficam a ter medo de si e serão os primeiros a cortar-lhe na casaca.
in “Mundo Gráfico” (1940–1948),
revista quinzenal de “actualidades nacionais e internacionais – edição de 30 de
Janeiro de 1941. “Página Feminina” de autoria de Aurora Jardim.
Imagem: pintura de Amedeo
Modigliani (Livorno, Itália, 1884 – Paris, França, 1920).
bueno
ResponderEliminarObrigado, Monica
EliminarObrigado, Monica
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