É
ASSIM MESMO
Uma história americana do
século XX apresenta um camponês paupérrimo que todos os dias vai trabalhar para
o campo, com a sua vaca. É um homem honesto, que labuta para alimentar a mulher
e a família.
Um dia o céu abre-se,
desencadeia-se uma tempestade e um raio mata a sua única vaca.
- Mas porquê eu? – brada o
camponês dirigindo-se a Deus. – Que te fiz eu? Porque me atingiste? Não serei
já suficientemente infeliz?
Deus nada lhe responde.
Passaram meses, anos. O
camponês, cada vez mais pobre, vai trabalhar sozinho, com as suas mãos
fatigadas. A sua mulher, de vez em quando, vai ajudá-lo. Leva-lhe um magro
alimento.
Outra tempestade revolve o céu, o raio fura as nuvens e mata-lhe a
mulher.
O camponês torce as mãos
de desespero e grita, de olhos no céu:
- Mas porquê? Que mais te fiz eu? Sou muito
pobre e muito pio! Porque me mataste a mulher? Responde! Que te fiz eu?
Então as nuvens escuras
entreabrem-se, surge uma imensa luz e a voz de Deus diz:
- Tu não me fizeste nada.
Mas de vez em quando, enervas-me.
in, “Tertúlia de Mentirosos” de Jean-Claude Carrière.
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