Lucinda
Simões (Lisboa, Portugal,
1850 - 1928).
O talento excepcional
desta actriz, dá-lhe o incontestável direito de figurar no lugar de honra da
nossa modesta publicação, “Os Theatros – Jornal de Crítica” .
Artista de raça, possui como nenhuma a verdadeira
ciência do metier.
Trabalhando ao lado dum
artista de elite, que o público e a imprensa ingratamente parece ter esquecido
– Furtado Coelho – tornou-se notável em várias peças, como: Teresa Raquin, Le Demi-Monde, A Vida de Um Rapaz
Pobre e outras.
O belo periódico espanhol
“Ilustracion Ibérica” em 1883, dizia desta eminente actriz o seguinte:
«Rival de la Marini, de la Sarah Bernhardt, de las actrices mas
eminentes de Europa, las supera á todas en naturalidade, en acierto para
identificar-se com los personajes que representa. Sólo hubiera podido
hombrear-se com ela (a pesar de ser mujer tambien) Matilde Diez, ya defunta por
disgracia para el arte español, y que sino la aventajaba, la igualaba al
menos.»
Consola ver estranhos
fazer elogios a um talento, que é uma glória nacional, e que mesquinhas invejas
pretenderam aniquilar.
Ainda não há muito,
tivemos ocasião de vê-la no Teatro D. Maria em dois papéis de grande
responsabilidade, brilhar como astro de primeira grandeza; e se houve quem não
simpatizasse com o seu trabalho, pela índole ingrata dos personagens, não há
contudo quem se atreva a apontar-lhe defeitos.
Lamentamos que
incompatibilidades alheias a nosso ver, ao domínio da crítica, obrigassem uma
artista da estatura de Lucinda Simões, a sair do nosso primeiro teatro, onde ao
lado de Brazão e Rosas poderia proporcionar muitas noites de glória ao palco do
nacional. Se lamentamos não ver esta artista no nosso primeiro teatro, não
lamentamos menos, não ver ali figurar uma outra artista de superior talento, Ana
Pereira.
É de toda a justiça que na
febre de enaltecer elogios ao merecimento dum actor, aliás, distintíssimo, que
ora nos visita, nos não esqueçamos que de bom temos cá por casa.
Fazemos ardentes votos
para que a tentativa de Lucinda, na Rua dos Condes, seja coroada do melhor êxito.
Há tudo a esperar do talento, fino gosto
e savoir faire desta eminente actriz.
C.A.
in, “Os Theatros – Jornal de Crítica” – Lisboa, 7 de
Novembro de 1895.
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Em 1922, Lucinda Simões publicou o livro, Memórias.
Faleceu dias depois de lhe
ter sido feita uma festa de homenagem e despedida dos palcos na sala do Teatro
da Trindade.
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