quarta-feira, 10 de agosto de 2016

ADALBERTO ALVES - Como se à noite o mar…





Adalberto Alves (Lisboa, Portugal, 1939)

Arabista, poeta, ensaísta, Adalberto Alves licenciou-se em Direito pela Universidade de Lisboa. 

No início da década de 80 começa a dedicar-se ao estudo da Civilização Árabe, um interesse para o qual despertara ainda em criança. Aprendeu a língua árabe, e desde então nunca mais abandonou a investigação nesse campo.

A obra Dicionário de Arabismos da Língua Portuguesa, de sua autoria, lançada em Lisboa em Outubro de 2013, com o apoio do Camões, IP, é o resultado de uma investigação aprofundada em torno das palavras portuguesas de origem árabe.

O trabalho de pesquisa de Adalberto Alves sobre a cultura árabe, materializado numa extensa bibliografia (mais de 30 livros), valeu-lhe em 2008 o reconhecimento da UNESCO, com a atribuição do Prémio Internacional Sharjah, por ter “inspirado muitos escritores portugueses e espanhóis (um deles o romancista Pedro Plasencia, autor de “El Tiempo de los Cerezos”) a divulgar a história da cultura árabe do Gharb al-Andalus”.



in “Camões – Instituto da Cooperação e da Língua”



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Palavras de Adalberto Alves
“O meu coração é árabe”



como se à noite o mar…

numa estranha rota iluminada
deixasse livre o sonho esvoaçar:
os rostos que se foram, em parada,
em silêncio nos vêm visitar.

 sob chuva distante e torturada
que na nossa tristeza deixa os sais,
rostos amados na sua desfilada,
vão-nos dizendo devagar: jamais!

 como se à noite o mar…

me forçasse a perguntar, oh mágoa,
nesta fria margem de ilusão
porque correm os dias como água,
se não passam nem nunca passarão?

 silente carícia de uma ignota mão
que marcas nas faces o signo da lua
abre-me a alma, fecha-me a razão
dá-me aquela Presença que é só Tua.

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