terça-feira, 23 de agosto de 2016

HENRIQUETA LISBOA - A menina selvagem





Henriqueta Lisboa (Lambari, Minas Gerais, Brasil, 1901 – Belo Horizonte, Brasil, 1985).

A sua trajectória poética teve início em 1925, com a publicação do livro, Fogo Fátuo, de forte tendência simbolista, traço significativo da sua obra que se estenderá até a década de 1940. 

Em 1931, com o livro Enternecimento, recebeu o Prémio de Poesia Olavo Bilac, da Academia Brasileira de Letras.

Foi considerada pela crítica especializada da época como uma das grandes expressões da lírica moderna.

A sua produção intelectual se caracterizou pelo exercício da tradução, da publicação de ensaios literários, da organização de antologias e da participação em obras colectivas.

Em 1963 é eleita a primeira mulher para a Academia Mineira de Letras, conquista profissional seguida da outorga de vários títulos honoríficos.



in “Universidade Federal de Minas Gerais” 


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                     Palavras de Henriqueta Lisboa:
“Pago caro o orgulho”



         A menina selvagem

A menina selvagem veio da aurora
acompanhada de pássaros,
estrelas-marinhas
e seixos.
Traz uma tinta de magnólia escorrida
nas faces.
Seus cabelos, molhados de orvalho e
tocados de musgo,
cascateiam brincando
com o vento.
A menina selvagem carrega punhados
de renda,
sacode soltas espumas.
Alimenta peixes ariscos e renitentes papagaios.
E há de relance, no seu riso,
gume de aço e polpa de amora.

Reis Magos, é tempo!
Oferecei bosques, várzeas e campos
à menina selvagem:
ela veio atrás das libélulas.


in “Lírica”



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