Luís
António Verney (Lisboa, Portugal, 1713 – Roma, Itália,
1792).
Figura cimeira do iluminismo
português, efectuou os primeiros estudos no Colégio jesuíta de Santo Antão.
Aluno de Filosofia no curso dos Oratorianos (1727-1730), viria a alcançar o
bacharelato já na Universidade de Évora (1731) e o grau de licenciado e Mestre
em Artes pela mesma Universidade em 1733.
Porventura incompatibilizado com o
ensino então ministrado nas escolas da Companhia de Jesus, fixou-se em Roma,
aos 23 anos, desenvolvendo, fora da Pátria e até ao fim da sua vida, uma
intensa actividade intelectual, com a generosa intenção de reformar o ensino e
a mentalidade cultural em Portugal, podendo considerar-se a publicação do seu Verdadeiro
Método de Estudar (1746), tanto pelo conteúdo como pela polémica
gerada, como um dos mais dinâmicos factores de sistematização do ideário
iluminista entre nós. (…)
Crítico de Descartes no âmbito da
origem das ideias, Verney revelou-se um cartesiano no plano da Gramática. As
suas diatribes contra o ensino do Latim pelo compêndio já bissecular do P.
Manuel Álvares S.J., levaram-no a expressar, na Gramática Latina tratada por um
método novo claro e fácil (1758), a concepção de uma ordem natural das palavras
na sintaxe, comum a todas as línguas, tese nuclear das gramáticas cartesianas
do séc. XVII, como também da gramática generativa contemporânea.
Aquilo a que chamará «a parte filosófica
da gramática» consiste, pois, no estudo dos «princípios gerais e inalteráveis»
comuns a todas as línguas, nos quais deveria assentar uma boa estratégia de
ensino do Latim. Tais princípios emanavam da «conexão essencial das palavras
com os pensamentos lógicos». Ora, «sendo pois a ordem natural e lógica dos
pensamentos a mesma em todos os homens», segue-se que «todas as línguas têm a
mesma ordem natural de sintaxe», sendo meramente «acidental» a diversidade que
nesse plano se verifica, nomeadamente no latim. (…)
Situando-nos
do lado da questão da reforma dos métodos de ensino, outro eixo do seu
pensamento, ela concentra-se em torno do conceito de «método», designação que
incluiu no título da sua obra mais conhecida. (…)
Por
«método» Verney entende, como era comum na época, uma ordem de disposição das
ideias no discurso. Neste âmbito, tenderá a cristalizar como ordem de
transmissão dos conteúdos de ensino, adaptada aos mecanismos naturais de
recepção das ideias, no quadro mais vasto de uma lógica natural. (…)
Essa
ordem encontrou-a na geometria e no método sintético dos geómetras, caminhando
do simples ao complexo, do geral ao particular, das causas para os efeitos,
como procedimento privilegiado de simplificação da exposição doutrinal e,
porque definido a partir do conhecimento dos mecanismos de que a razão
naturalmente se serve na recepção das ideias, entendido como «método natural».
Fonte: Instituto Camões
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