AMÁLIA RODRIGUES
(Lisboa, Portugal, Julho de 1920 – Outubro de 1999)
AMÁLIA COMPARADA A NIJINSKY
«Os portugueses não se deram conta da popularidade que tenho lá fora. Só não fui à Índia, à China e à Áustria, talvez por aí saberem verdadeiramente de música», brinca.
André Maurois escreve: «Amália é um fenómeno só comparável a Nijinsky». O jornal francês Le Figaro chama-a «Madonna ibérica», a lembrar «Electra pelo seu nobre imobilismo» e pelo seu «perfil de sacerdotisa»; o italiano La Stampa afirma que ela «está para o público da música como o Couraçado de Potemkin para o de cinema». Augusto de Castro anota no Diário de Notícias que «com ela de franjas negras e sol nos olhos, anda Portugal no mundo».
O Médio Oriente siderou ao ouvi-la cantar, em 1963 na Igreja de São Francisco de Assis, na missa de acção de graças pela independência de Beirute; e arrepiou-se com o seu Incha´Allah vindo do cosmos. O Extremo Oriente, caso do Japão, amou-a, por sua vez, para sempre, havendo quem tenha aprendido português para melhor a comungar.
«Tenho um certo tipo de magnetismo. Chego a um palco e o público fica logo comigo, seja lá onde for. Às vezes eu própria arrepio-me toda, quase que chego a atingir a tragédia, Tenho qualquer coisa em mim de Portugal que as pessoas sentem, como se fosse uma erva.»
Fernando Dacosta, in “Amália – A Ressurreição”
Imagem: Amália, obra do mosaicista Miguel Gouveia. Calçada à portuguesa.
Sem comentários:
Enviar um comentário