AMÁLIA RODRIGUES
(Lisboa, Portugal, Julho de 1920 – Outubro de 1999)
UMA PALAVRINHA APENAS
«Uma tarde, quando conversava no “Luso” com um grupo de velhos amigos, fadistas, toureiros, gente da Imprensa, apareceu-lhe o conde de… que lhe pediu, muito açodado, “uma palavrinha apenas”.
– Por amor de Deus! É assim tão urgente? Sente-se, faça favor.
– É francamente urgente.
Sentou-se ao lado de Amália, e ali mesmo declarou-lhe que a princesa de… manifestava vontade em jantar com ela no "Machado".
– Oh! Sabe? Não sei se poderei ir, pois estava a combinar um jantar com estes amigos…
– Mas a princesa insiste…
Amália tinha-se mostrado até ali gentil, extremamente bem humorada, mas naquele momento cravou os olhos no conde e acrescentou com certo azedume:
– Muito bem! O meu “cachet” são 5 contos…
– Perdão, Amália. Não é para cantar…
– Não é para cantar?! Nesse caso, passo a levar dez contos…
– Como? – exclamou o senhor, confundido.
– É que – explicou ela – para cantar qualquer pessoa me pode contratar. Para me exibir nem todos. Logo o preço é por força mais elevado…»
in, Revista Eva, 1952
Imagem: Criado pelo artista de arte urbana Alexandre Farto, que assina como Vhils, em colaboração com os Calceteiros da Câmara Municipal de Lisboa, o rosto de Amália foi executado integralmente em calçada portuguesa e instalado na Rua de São Tomé, em Alfama.
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