AMÁLIA RODRIGUES
(Lisboa, Portugal, Julho de 1920 – Outubro
de 1999)
AMÁLIA
NA BROADWAY, O FADO EM NOVA IORQUE
Quando Amália Rodrigues
subiu, pela primeira vez, a um palco nova-iorquino era já uma estrela com
estatuto internacional. Por essa altura tinha actuado em Madrid (onde fez a sua
estreia internacional em 1943), no Rio de Janeiro, em Londres, em Paris, em
Dublim. Já havia passado por palcos em África, de Angola e Moçambique ao então
Congo Belga.
Em Setembro de 1952 a sua
estreia em Nova Iorque fez-se no palco do La Vie en Rose, onde ficou 14
semanas em cartaz.
No ano seguinte a estreia
na televisão norte-americana acontece no programa de Eddie Fischer, na NBC.
Pouco depois, já em 1954, Hollywood escuta-a pela primeira vez, no Mocambo.
Amália Rodrigues semeou
assim, em diversas viagens aos Estados Unidos, uma relação profunda com o
público, os palcos e mesmo a indústria do disco norte-americana. Não foi por acaso
que, apesar de ter uma carreira discográfica encetada nos anos 40 (ainda em
discos de 78 rotações), foi nos EUA que editou o seu primeiro LP.
Ao longo da sua carreira,
Amália regressou por diversas vezes aos Estados Unidos, frequentemente acolhida
em triunfo. Em 1966 apresentou-se no Lincoln Center, em Nova Iorque, com o
maestro Andre Kostelanetz frente a uma orquestra, num programa essencialmente
feito de canções do folclore português numa das noites e num outro, feito de
fados (também com orquestra), na seguinte.
Amália trabalhou o espectáculo directamente
com o maestro, na casa deste, em Nova Iorque. Ele ao piano, ela cantando,
juntos encontrando o registo a levar ao palco. O mesmo espectáculo foi
encenado, dias depois, no Hollywood Bowl.
Estes concertos estão na base de três
EP's, de folclore acompanhado por uma orquestra, que Amália edita
simultaneamente, em Abril de 1967. A parceria com o maestro foi tão bem
acolhida pelo público, crítica e pela própria Amália, que nova actuação, no
mesmo Lincoln Center, aconteceu em 1968.
A relação com a América
acabaria por marcar depois presença na própria música de Amália. Primeiro, numa
colaboração com o saxofonista Don Byas no álbum Encontro - Amália e Don Byas
(1974) e, mais tarde num disco de versões de clássicos populares da Broadway,
Amália na Broadway (editado em 1984 usando gravações registadas em 1965 e nunca
até então reveladas publicamente).
Nuno Galopim, in Portal do Fado
Imagem: fotografia de Armando França
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