AMÁLIA RODRIGUES
(Lisboa, Portugal, Julho de 1920 – Outubro
de 1999)
Como actriz, Amália
protagonizou alguns dos maiores êxitos de bilheteira do cinema português, e não
só, caso do francês Amantes do Tejo.
Nenhum lhe proporcionou, porém, o estatuto que ambicionava – ambicionava ser,
confessou, «uma Anna Magnnani ibérica».
Pôs grandes esperanças em Vendaval Maravilhoso, de Leitão de
Barros (o seu melhor filme), e nas Ilhas
Encantadas, do parisiense Carlos Vilardebó, onde não cantava e onde viveu
com excepcional expressividade, mas parco resultado, uma personagem talhada, à
partida, para si.
Afastar-se-ia depois dos ecrãs
rejeitando, entre outros, um convite de Anthony Quinn para rodar Bodas de Sangue. O seu desinteresse
levou o actor (« Amália era a intérprete ideal da peça de Lorca, sem ela não
consigo realizar o projecto») a abandonar a proposta.
Ela tinha a noção de que a
idolatria à sua volta a transformara num produto de comércio nas artes, nos
espectáculos, nas indústrias culturais, o que a impedia de ir mais longe,
sobretudo no cinema e no teatro.
Daí ter-se desligado
deles, nunca tendo assistido, «por vergonha», a Capas Negras, a sua fita de maior sucesso de bilheteira. Fado e Sangue Toureiro, foram-lhe outras
decepções, como a maior parte das revistas, operetas e comédias que
protagonizou.
Os
Amantes do Tejo, modesta
película francesa, teve, no entanto, o mérito de a lançar
internacionalmente devido ao fado Barco
Negro, poema de David Mourão-Ferreira, que galvanizou o público europeu.
«Não gosto de máquinas,
nunca tirei uma fotografia, nunca guiei», dirá em entrevista ao escritor José
Correia Tavares: «Exijo cada vez mais, na qualidade dos versos, das músicas,
dos guiões , de mim, o que me faz sofrer imenso.»
FERNANDO DACOSTA, in
“Amália – A Ressurreição”
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