AFONSO LOPES VIEIRA
(Leiria, Portugal, 1878 — Lisboa, 1946)
Poeta
***
Portugal e Lord Byron
A
nossa sensibilidade portuguesa sangrou com as injúrias do grande romântico, mas
nunca as contrabalançou com as homenagens que ele nos rendeu. E, sobretudo,
nunca atentou na emenda que Byron fez em nota nas edições posteriores do Cavaleiro Haroldo à mais grave e mais
injusta acusação lançada aos portugueses. “Pintei os portugueses tal qual os
vi; mas, desde então, fizeram progressos, pelo menos na coragem: isso é
evidente”.
A
Guerra Peninsular revelou-lhe o que não pudera ter visto na paz. Essa emenda
absolve o maior crime do poeta para connosco. Ninguém esqueceu as injúrias de Byron,
mas poucos repararam no que lhe devemos como Portugueses.
A celebridade universal de Sintra a ele se deve. Foi nessas instâncias do Cavaleiro Haroldo que o Eden glorioso começou a ser celebrado no Mundo. Este sentimento íntimo de gratidão existia em todos os visitantes intelectuais de Sintra, que faziam do Lawrence um lugar de peregrinação. Mas foi para a Poesia Portuguesa que Lord Byron desabrochou a mais pura sensibilidade da sua alma.
A celebridade universal de Sintra a ele se deve. Foi nessas instâncias do Cavaleiro Haroldo que o Eden glorioso começou a ser celebrado no Mundo. Este sentimento íntimo de gratidão existia em todos os visitantes intelectuais de Sintra, que faziam do Lawrence um lugar de peregrinação. Mas foi para a Poesia Portuguesa que Lord Byron desabrochou a mais pura sensibilidade da sua alma.
Camões
era para ele o poeta que não tinha a vã, fingida
chama. Assim o diz nos versos da oferta das obras do Poeta a uma senhora. (Não
deixa de ser curioso que tenha havido e haja portugueses para os quais a chama de
Camões é fingida e vã).
Esse encanto de Byron pela nossa poesia revelou-se ainda na versão da quadra popular Chamaste-me tua vida, que vem nas suas obras com o título From the Portuguese. Foi certo que nesta versão que Musset a conheceu para a traduzir no seu Fantasio, fazendo confessar a um personagem dessa comédia que nunca dizia tais versos sem ter vontade de amar alguém.
Em
suma, a minha sensibilidade de português absolve Byron – em homenagem a Camões e
ao lirismo imortal do nosso Povo.
in
“Mundo Literário”- 1946
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