JOSÉ LEITE DE VASCONCELOS
(Ucanha, Portugal, 1858 — Lisboa,
1941)
Linguista,
filólogo, etnógrafo
***
Fundador e primeiro director do actual Museu Nacional de
Arqueologia, ao tempo designado por Museu Etnográfico Português, constitui um dos principais vultos da Cultura Portuguesa
dos séculos XIX e XX.
A importância e diversidade da sua obra encontram-se bem
patentes nos diversos volumes e sessões de homenagem que lhe foram dedicados,
em vida e de depois da sua morte, em 1941, com 82 anos de idade – uma obra que
abrange praticamente todos os campos em que poderia ser abordado o estudo do
“Homem Português”, tanto do passado como do presente e especialmente na sua
vertente popular: Filologia e Linguística, Literatura, Etnografia, Numismática,
Arqueologia, etc.
Leite de Vasconcelos atinge o que se pode considerar o apogeu da sua
obra com a criação do Museu Etnográfico Português, em 1893, o lançamento da revista
“O Arqueólogo Português”, em 1895, e o início da publicação da sua principal obra,
As Religiões da Lusitânia, em 1897.
Na área relativa
à Literatura foram publicados, após a sua morte, Romanceiro português (1958-1960), Teatro Popular Português (1974-1979).
in “ Museu de Arqueologia”
(excertos)
***
O homem primitivo
Miserável,
coberto ele folhagem,
Oculto
nas cavernas, assustado
Ao
ouvir o manso perpassar da aragem
Ou dos trovões o majestoso
brado;
Rijo
de forças, falto do coragem,
N'um
combate cruel desesperado,
E
cheio de deleito, embriagado
Diante do sangue do animal
selvagem;
Ei-lo
aí está: cabelo solto ao vento,
Aspecto
bestial e sonolento,
-Talvez sem inda ideais
aspirações…
Mas
não o insulte nunca a sociedade!
Esse
homem representa a humanidade:
Foi d'essa massa que saiu
Camões.
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