terça-feira, 17 de abril de 2018

CARTA DE BEETHOVEN À “IMORTAL BEM-AMADA”



Carta de Beethoven à “Imortal Bem-Amada”

Bom dia, em Julho 7 (1799)

Embora eu ainda esteja de cama, meus pensamentos voam para ti, Imortal Bem-Amada, ora alegre, ora tristemente, à espera de saberem se o destino nos ouvirá ou não. Só contigo posso viver integralmente, de outro modo não viverei. Sim, estou resolvido a ficar longe de ti, até que possa correr para os teus braços e dizer que estou realmente no lar, minha alma dissolvida na tua, vivendo na terra dos espíritos. – Sim, infelizmente deve ser assim – serás mais resoluta ao saberes da minha fidelidade – a ti; ninguém poderá jamais possuir-me outra vez o coração – ninguém – nunca. Oh! Deus! Porque será mister afastarmo-nos de quem amamos tanto? 

Minha vida em Viena é hoje uma vida miserável – teu amor me faz, ao mesmo tempo, o mais feliz e o mais infeliz dos homens. Na minha idade, careço de uma vida tranquila e segura: poderei ter isso nas condições em que estamos? 

Meu anjo, acabaram de avisar-me que a diligência postal sai todos os dias, e devo encerrar esta para que a possas receber logo. Tem calma; somente mediante a calma consideração da nossa existência é que lograremos alcançar nosso propósito de vivermos juntos – sê calma – ama-me – hoje – ontem – que tristes saudades de ti – de ti – minha vida – meu tudo – adeus! Oh! Continua a amar-me – nunca julgues mal o coração sempre fiel do teu bem-amado L.,
   
   sempre teu
   sempre minha
   sempre um para o outro



in “Grandes Cartas da História” – José Paulo Paes



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