Carta
de Beethoven à “Imortal Bem-Amada”
Bom dia, em Julho 7 (1799)
Embora
eu ainda esteja de cama, meus pensamentos voam para ti, Imortal Bem-Amada, ora alegre,
ora tristemente, à espera de saberem se o destino nos ouvirá ou não. Só contigo
posso viver integralmente, de outro modo não viverei. Sim, estou resolvido a ficar
longe de ti, até que possa correr para os teus braços e dizer que estou realmente
no lar, minha alma dissolvida na tua, vivendo na terra dos espíritos. – Sim, infelizmente
deve ser assim – serás mais resoluta ao saberes da minha fidelidade – a ti; ninguém
poderá jamais possuir-me outra vez o coração – ninguém – nunca. Oh! Deus! Porque
será mister afastarmo-nos de quem amamos tanto?
Minha vida em Viena é hoje uma vida
miserável – teu amor me faz, ao mesmo tempo, o mais feliz e o mais infeliz dos homens.
Na minha idade, careço de uma vida tranquila e segura: poderei ter isso nas condições
em que estamos?
Meu anjo, acabaram de avisar-me que a diligência postal sai todos
os dias, e devo encerrar esta para que a possas receber logo. Tem calma; somente
mediante a calma consideração da nossa existência é que lograremos alcançar nosso
propósito de vivermos juntos – sê calma – ama-me – hoje – ontem – que tristes saudades
de ti – de ti – minha vida – meu tudo – adeus! Oh! Continua a amar-me – nunca julgues
mal o coração sempre fiel do teu bem-amado L.,
sempre teu
sempre minha
sempre um para o outro
in “Grandes Cartas da História”
– José Paulo Paes
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