NATÉRCIA FREIRE
(Benavente, Portugal, 1920 - Lisboa, 2004)
Poetisa
e escritora
***
Estreou-se com o livro de
poemas Meu Caminho de Luz, 1939.
A poesia envolve a sua obra de ficcionista, toda tecida de reminiscências
saudosistas.
***
Canção do Verdadeiro Abandono
Podem todos rir de mim,
podem correr-me à pedrada,
podem espreitar-me à janela
e ter a porta fechada.
Com palavras de ilusão
não me convence ninguém.
Tudo o que guardo na mão
não tem vislumbres de além.
Não sou irmã das estrelas,
nem das pombas nem dos astros.
Tenho uma dor consciente
de bicho que sofre as pedras
e se desloca de rastos.
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