Marguerite
Duras (GianDinh, Indochina, 1914 – Paris, França,
1996).
Passou a sua infância e grande parte da adolescência na Cochinchina, resultando daí ter escrito um livro admirável sobre a vida oriental: En Barrage contre le Pacifique.
Passou a sua infância e grande parte da adolescência na Cochinchina, resultando daí ter escrito um livro admirável sobre a vida oriental: En Barrage contre le Pacifique.
Palavras de Marguerite
Duras:
“Escrever é também não falar. É calar-se. É gritar
sem ruído.”
A Cultura deve ser
uma descoberta individual de cada um de nós
Não se deve intervir, não nos devemos meter nos
problemas que cada um tem com a leitura. Não devemos sofrer por causa das
crianças que não lêem, perder a paciência. Trata-se da descoberta do continente
da leitura.
Ninguém deve encorajar nem incitar outra pessoa a ir ver como ele
é. Já existe excessiva informação no mundo acerca da cultura. Devemos partir
sós para esse continente. Descobri-lo sozinhos. Operarmos sozinhos esse
nascimento.
Por exemplo, em
relação a Baudelaire, devemos ser os primeiros a descobrir o seu esplendor. E
somos os primeiros. E, se não formos os primeiros, nunca seremos leitores de
Baudelaire.
Todas as obras-primas do mundo deveriam ser encontradas pelas
crianças nos despejos públicos, e lidas às escondidas dos pais e dos mestres.
Por vezes, o
facto de se ver alguém a ler um livro no metro, com grande atenção, pode
provocar a compra desse livro. Mas não quanto aos romances populares. Aí,
ninguém se engana quanto à natureza do livro. Os dois géneros nunca estão
juntos nas mesmas mãos.
Os romances populares são impressos em milhões de
exemplares. Com a mesma grelha aplicada, em princípio, há uns cinquenta anos,
os romances populares desempenham a sua função de identificação sentimental ou
erótica.
Depois de os terem lido, as pessoas abandonam-nos nos bancos públicos,
no metro, e serão apanhados por outras pessoas e novamente lidos. Isso será
ler?
Sim, penso que sim, é ler como se toma um remédio, mas é ler, é ir buscar
a leitura ao exterior de si próprio e ingeri-la e fazê-la sua e dormir e cair
no sono para, no dia seguinte, ir trabalhar, juntar-se a milhões de outras
pessoas, a solidão matricular, o esmagamento.
Marguerite
Duras, in "Mundo Exterior "
Imagem: pintura de Carel Victor Morlais Weight (Londres,
Inglaterra, 1908 – 1997)
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