quarta-feira, 3 de junho de 2015

Bondade e Sabedoria devem ser Inocentes

 
 

 
 
 
 
Hannah Arendt (Hanôver, Alemanha, 1906 – Nova Iorque, EUA, 1975) é um dos escritores e filósofos políticos mais influentes do século XX.
 
 

 
Palavras de Hannah Arendt:

“O revolucionário mais radical se torna um conservador no dia seguinte à revolução.”
 
 
Bondade e Sabedoria devem ser Inocentes 
 
Quando a bondade se mostra abertamente já não é bondade, embora possa ainda ser útil como caridade organizada ou como acto de solidariedade. Daí: «Não dês as tuas esmolas diante dos homens, para seres visto por eles».
A bondade só pode existir quando não é percebida, nem mesmo por aquele que a faz; quem quer que se veja a si mesmo no acto de fazer uma boa obra deixa de ser bom; será, no máximo, um membro útil da sociedade ou zeloso membro de uma igreja. Daí: «Que a tua mão esquerda não saiba o que faz a tua mão direita.»
(...) O amor à sabedoria e o amor à bondade, que se resolvem nas actividades de filosofar e de praticar boas acções, têm em comum o facto de que cessam imediatamente - cancelam-se, por assim dizer - sempre que se presume que o homem pode ser sábio ou ser bom. Sempre houve tentativas de dar vida ao que jamais pode sobreviver ao momento fugaz do próprio acto, e todas elas levaram ao absurdo.
 
Hannah Arendt, in “A Condição Humana”
Imagem: pintura de Vanessa Bell (Londres, Reino Unido, 1879 – Charleston Farmhouse, Reino Unido, 1961)                                     

 


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