O BINÓCULO – “Hebdomadário
de caricaturas” lançado por Rafael Bordalo Pinheiro, em 1870. Foram publicados
apenas 4 números, com o primeiro a sair a 29 de Outubro e o último a 10 de
Dezembro, num total de 10 páginas. Bordalo era o proprietário e único
ilustrador do jornal.
Exclusivamente consagrado
a “espectáculos e literatura”, como aparecia no cabeçalho d´O Binóculo, o
caricaturista retomava aqui um dos seus principais interesses, que era da vida
cénica da sua cidade natal, Lisboa. Este foi um dos primeiros, senão o
primeiro, a ser vendido dentro dos teatros, no caso, pelos quarenta réis
marcados.
Desde logo,
destaca-se o desenho que Bordalo imaginou para o cabeçalho do jornal, onde,
sobre uma pena e um lápis cruzados, se vislumbra um grande binóculo com
diabinhos empoleirados (entre os quais se identifica a figura do Punch inglês). Na sombra deste, o
próprio Bordalo, e, em redor do instrumento, “cabriolando entre as letras do
título”, personagens de comédia comandadas pelo famoso general Boum de
Offenbach.
Mais do que
criticar o jornal propunha-se mostrar, expor, vulgarizar: “O Binóculo
apresenta, não comenta. Analisa, não sintetiza. Mostra os tipos. E de tipos é o
nosso século. Arquétipo ou protótipo, pouco importa. O tipo tem hoje a maior
importância. O nosso século só admira tipos.” E mais adiante, acrescentava: “É
o «binóculo» é o instrumento de que o leitor, espectador ou amador se serve
para ver mais de perto cenas que facilmente lhe passariam despercebidas a olho
nu. Mostra o bom e o mau: e está nisto a justificação do seu título. Quem tiver
olhos, que veja; quem não tiver, que durma.”
E desta forma
Bordalo ocupar-se-ia, nos três meses que durou a publicação, do mundo teatral e
da ópera que animaram as noites lisboetas. Ora destacando ora desancando os seus
actores e cantoras.
Fonte: Hemeroteca
Municipal de Lisboa - BLX
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