Lenda
das Obras de Santa Engrácia
Simão Pires, um cristão-novo,
cavalgava todos os dias até ao convento de Santa Clara para se encontrar às
escondidas com Violante. A jovem tinha sido feita noviça à força por vontade do
seu pai fidalgo que não estava de acordo com o seu amor.
Um dia, Simão pediu à
sua amada para fugir com ele, dando-lhe um dia para decidir. No dia seguinte,
Simão foi acordado pelos homens do rei que o vinham prender acusando-o do roubo
das relíquias da igreja de Santa Engrácia que ficava perto do convento.
Para
não prejudicar Violante, Simão não revelou a razão por que tinha sido visto no
local. Apesar de invocar a sua inocência foi preso e condenado à morte na
fogueira que se realizaria junto da nova igreja de Santa Engrácia, cujas obras
já tinham começado.
Quando as labaredas envolveram o corpo de Simão, este
gritou que era tão certo morrer inocente como as obras nunca mais acabarem. Os
anos passaram e a freira Violante foi um dia chamada a assistir aos últimos
momentos de um ladrão que tinha pedido a sua presença.
Revelou-lhe que tinha
sido ele o ladrão das relíquias e sabendo da relação secreta dos jovens, tinha
incriminado Simão.
Pedia-lhe agora o perdão que Violante lhe concedeu.
Entretanto, um facto singular acontecia: as obras da igreja iniciadas à época
da execução de Simão pareciam nunca mais ter fim. De tal forma que o povo se
habitou a comparar tudo aquilo que não mais acaba às obras de Santa Engrácia.
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