António Ferreira (Lisboa, Portugal, 1528 – 1569).
António Ferreira (Lisboa, 1528 - 29 de novembro de 1569) foi um escritor e humanista português.
É um dos mais representativos escritores do Renascimento Português.
Os seus Poemas Lusitanos, revelam sólida formação humanística, na adopção de guias como Horácio, Virgílio, Séneca, Petrarca.
A tragédia Castro foi publicada em 1587; desta 1ªedição há hoje um exemplar no Museu Britânico. Teria sido levado à cena anteriormente, sobre texto depois remodelado.
Como poeta lírico, autor de odes (subgénero de que foi introdutor), elegias, éclogas, sonetos, etc., é geralmente convencional, glosa lugares-comuns, tropeça numa linguagem hirta, embora, em certos momentos, consiga impressionar pela vibração humana – é o caso de sonetos em que chora a morte da primeira mulher.
Como teórico da poesia defende um clássico, situa-se longe do «vulgo profano», concede primazia ao «saber», à «arte», sem, todavia, negar o valor do «engenho».
António Ferreira superou na Castro as suas limitações: esta tragédia de sóbria majestade, onde vem ao primeiro plano o conflito anterior de D. Afonso IV, repartido entre a razão de Estado e a consciência cristã, tragédia, pois, da liberdade responsável perante a fatalidade do amor que arrasta Inês para a morte imerecida, é a obra-prima do teatro clássico português e uma das mais belas e «modernas» tragédias renascentistas.
Fonte: Jacinto Prado Coelho (Lisboa, Portugal, 1920-1984), crítico literário e professor universitário.
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Soneto
Aquele claro sol, que me mostrava
O caminho do Céu, mais chão, mais certo, E com seu novo raio ao longe e ao perto
Toda a sombra mortal m'afugentava,
Deixou a prisão triste em que cá estava.
E fiquei cego e só, co passo incerto,
Perdido peregrino no deserto,
A que faltou o guia que o levava.
Assi, co esprito triste, o juízo escuro,
Suas santas pisadas vou buscando,
Por vales e por campos e por montes.
Em toda a parte a vejo e a figuro.
Ela me toma a mão e vai guiando,
E meus olhos a seguem, feitos fontes.
Excelente soneto, jus ao tema e a suas regras impecáveis,a que aludo sobretudo a métrica. Soneto assim, deveria ser, lido relido, meditado, e como tal ser igualado nessa disciplina métrica, tão louvável e necessária. De contrário, a musicalidade não existe. Infelizmente o que há mais, é quem faça confusão com a métrica, lha aplique sim, mas no conceito gramatical e não métrico poético, própriamente dito. Por outro lado, há quem por desconhecer o verdadeiro metro, se agarra ao verso branco, dizendo como desculpa, que o utiliza, poir crer que a poesia à moda antiga, está ultrapassada.... como quem diz: Hoje ela, é coisa obsoleta...
ResponderEliminarPercebo o tom elegíaco;e a sutil referência virgiliana em conduzir as almas eleitas ao mais belo páramo.
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