Edmundo
de Bettencourt (Funchal, Madeira, Portugal, 1889 – Lisboa, 1973).
Tornou-se célebre em Coimbra,
durante os tempos de estudante universitário, como intérprete do fado coimbrão.
E a par disso, como um dos fundadores da revista Presença, a cujo grupo pertenceu até 1930, conjuntamente com José
Régio, Gaspar Simões, Branquinho da Fonseca, Fausto Navarro e José António
Navarro, ano em que publicou O Momento e
a Legenda.
Até 1964, limitou-se a
colaborar em alguns jornais e revistas. Altura escolhida para editar Poemas, livro que reúne toda a sua
produção poética dispersa.
in “Dicionário da
Literatura Portuguesa”
*******************
Aparição
A mulher que por mim passou na rua, há pouco,
foi uma coisa diáfana, gentil,
cedo, a pairar
na sombra dum jardim
com flores, em baixo, ajoelhadas,
ao senti-la na altura,
e mandando-lhe o aroma em lágrimas, desfeito,
para mantê-la em uma nuvem branca...
Mulher, coisa diáfana, vaga e bela, sem desenho,
logo fluido animando o colo duma nuvem, nuvem,
num ápice, trucidada pelo vento!
foi uma coisa diáfana, gentil,
cedo, a pairar
na sombra dum jardim
com flores, em baixo, ajoelhadas,
ao senti-la na altura,
e mandando-lhe o aroma em lágrimas, desfeito,
para mantê-la em uma nuvem branca...
Mulher, coisa diáfana, vaga e bela, sem desenho,
logo fluido animando o colo duma nuvem, nuvem,
num ápice, trucidada pelo vento!
Edmundo de Bettencourt, in “Rede
Invisível”
buena nota
ResponderEliminar