terça-feira, 17 de maio de 2016

LOUIS BRAILLE: Um Farol para um Mundo de Escuridão





Louis Braille (Coupvray, França, 1809 - Paris, França, 1852).

Aos três anos de idade, feriu-se no olho esquerdo com uma ferramenta pontiaguda, originando uma infecção que se alastrou ao olho direito, provocando-lhe a cegueira total.
Frequentou o “Institut Royal des Jeunes Aveugles de Paris” fundado por Valentin Haüy, que criou um programa para ensinar os cegos a ler. O sistema era complicado e de difícil aprendizagem.
Louis Braille pensou que devia investir o seu talento e trabalho num processo mais fácil e eficaz, que permitisse aos cegos terem o direito de acesso à cultura.
Com quinze anos, concluiu o seu método, que se baseava numa célula de seis pontos (três pontos de altura por dois de largura). Posteriormente, Braille evoluiu o sistema com a inclusão da notação numérica e musical.
O “Código Braille” é lido da esquerda para a direita, com uma ou as duas mãos.
Com o avanço da tecnologia, é fácil imprimir textos em “Braille”, com a adaptação de um programa específico.
Assim, é possível a impressão de livros, que em Portugal atinge cerca de 3.000 títulos, de temática variada: filosofia, psicologia, romances, poesia, infanto-juvenil, manuais escolares, etc.
A nível mundial existe um plano para a unificação dos códigos matemáticos e científicos, mas ainda não atingiu o sucesso pretendido.
O método de Louis Braille, usado em todo o mundo, apenas foi reconhecido, postumamente, pelo estado francês em 1952.


Hellen Keller, escritora, filósofa e conferencista, (EUA (1880-1968), cega e surda desde criança, publicou um artigo de homenagem a Braille no “The New York Times Magazine”, em 6 de Janeiro de 1952, intitulado: Louis Braille: Um Farol para um Mundo de Escuridão.



Palavras de Louis Braille: 
"Se os meus olhos não me deixam obter informações sobre homens e eventos, sobre ideias e doutrinas, terei de encontrar uma outra forma.”


Um Cego


Não sei qual é a face que me mira
quando miro essa face que há no espelho;
e desconheço no reflexo o velho
que o escruta, com silente e exausta ira.

Lento na sombra, com a mão exploro
meus traços invisíveis. Um lampejo
me alcança. O seu cabelo, que entrevejo,
é todo cinza ou é ainda de ouro.

Repito que perdi unicamente
a superfície vã das simples coisas.
Meu consolo é de Milton e é valente,

porém penso nas letras e nas rosas.
Penso que se pudesse ver meu rosto
saberia quem sou neste sol-posto.



Poema de Jorge Luis Borges, in “A Rosa Profunda”.
Tradução: Renato Suttana


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