Margarida de Abreu (Lisboa, Portugal, 1915 – 2006).
É unanimemente reconhecida como uma das personalidades mais marcantes das artes do século XX português.
Todos os seus discípulos – entre os quais se contam várias gerações de bailarinos e actores de nomeada, a consideravam uma personalidade brilhante e de uma lucidez, sensibilidade, inteligência e argúcia ímpares.
Muitos deles referem, frequentemente, a “musicalidade” que imprimia nas suas aulas e coreografias e a habilidade de colocar em cena, harmoniosamente, corpos e personalidades muito distintas.
Vários também destacam o seu valioso papel “mecenático” tendo aberto, gratuitamente, o seu estúdio aos que não tinham posses ou, mesmo, pagando viagens e estudos no estrangeiro a outros.
Vários também destacam o seu valioso papel “mecenático” tendo aberto, gratuitamente, o seu estúdio aos que não tinham posses ou, mesmo, pagando viagens e estudos no estrangeiro a outros.
O seu papel pioneiro deixa o seu nome ligado aos primeiros agrupamentos de dança do país e a artistas que estão na base de quase todos os que hoje existem.
Era mãe da bailarina Maria João Salomão e tia da bailarina Maria de Freitas Branco, irmã da pianista Helena de Freitas Branco e cunhada do musicólogo João de Freitas Branco.
Estudou dança rítmica em Portugal (com Cecil Kitkat e Sosso Dukas-Schau) e na Suíça, no Institut Jacques Dalcroze, onde se graduou em 1937.
Prosseguiu os seus estudos na Alemanha, na Deutsche Tanz Schule (Berlim) e na Austria, na Hellerau Laxemburg Schule (Viena). Foi professora do Curso de Bailarinas e do Curso de Teatro do Conservatório Nacional (1939-1986) e do Centro de Estudos de Bailado do Instituto de Alta Cultura, vulgo Escola do Teatro de S. Carlos, (1964-1972) e directora artística do Circulo de Iniciação Coreográfica entre 1944 e 1960 do qual saíram os Bailados Margarida de Abreu, o Bailado em Acção e, mais recentemente, o Grupo Studium.
Entre 1960 e 1975, de parceria com o seu discípulo Fernando Lima, exerceu as funções de directora artística do Grupo de Bailados Portugueses Verde Gaio.
Para os seus grupos de dança, peças de teatro e óperas (no Teatro de S. Carlos) criou cerca de meia centena de coreografias
Sobre D. Margarida, Águeda Sena, uma das suas mais talentosas e conhecidas discípulas, afirmou "ser uma das melhores professoras que teve".
E acrescentou: ela sabia muitíssimo de música e esse conhecimento profundo veio da sua cultura e sensibilidade. Foi uma das alunas favoritas de Jacques Dalcroze. Pena foi que aqui esse tipo de dança, que se fazia em toda a Europa, não tivesse vingado em Portugal. Ela tinha um fascínio pela dança clássica mas, por razões físicas, não estava muito talhada para esse estilo. Diz-se que os dedos dos pés tinham uma proporção que não lhe permitia usar sapatilhas de pontas. Pena foi que acabasse por cair num pseudo ballet que a afastou da sua natural vocação de dança livre e, sempre, prenhe de musicalidade.
Era uma pessoa muito bem-educada e culta e que fazias todas as coisas com um misto de seriedade e bom gosto. Devemos-lhe imenso. Acima de tudo o gosto e o amor pela dança.
Fonte: Revista da Dança
Imagem: Retrato de Margarida de Abreu de autoria do pintor Eduardo Malta.
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