Ronald
de Carvalho (Rio de Janeiro, Brasil, 1893 – 1935).
Começou a escrever como poeta simbolista, com o livro Luz Gloriosa (Paris, 1913).
Em 1914 estabeleceu-se em
Lisboa, Portugal, para exercer actividades diplomáticas. Conheceu membros do grupo modernista e, em 1915, já integrado no grupo, participou no lançamento da revista “Orpheu”, que foi um marco do Modernismo português.
Em 1919 publicou Poemas e Sonetos,
que representam a sua fase parnasiana.
A partir de 1922, com os Epigramas
Irónicos e Sentimentais, deu início à fase de poeta modernista.
O seu último livro foi Itinerário, publicado em 1935.
Palavras de Ronald de Carvalho:
"A
exaltação da personalidade produziu, por um lado o individualismo, e, por
outro, o enfraquecimento da inteligência em beneficio da sensibilidade."
Anoitece...
Anoitece...
Venho sofrer contigo a hora dolente que erra,
Sob a lâmpada amiga, entre um vaso com rosas,
Um festão de jasmins, e a penumbra que desce...
Hora em que há mais distância e mágoa pela terra;
Quando, sobre os chorões e as águas silenciosas,
Redonda, a lua calma e subtil, aparece...
Anoitece...
Venho sofrer contigo a hora dolente que erra,
Sob a lâmpada amiga, entre um vaso com rosas,
Um festão de jasmins, e a penumbra que desce...
Hora em que há mais distância e mágoa pela terra;
Quando, sobre os chorões e as águas silenciosas,
Redonda, a lua calma e subtil, aparece...
O rumor de uma voz sobe no
espaço, ecoando,
Mais um dia se foi, menos uma ilusão!
E assim corre, igualmente, a ampulheta da vida.
Senhor! depois de mim, como folhas em bando,
Num crepúsculo triste, outros homens virão
Para recomeçar a rota interrompida,
E a amargura sem fim de um mesmo sonho vão...
Mais um dia se foi, menos uma ilusão!
E assim corre, igualmente, a ampulheta da vida.
Senhor! depois de mim, como folhas em bando,
Num crepúsculo triste, outros homens virão
Para recomeçar a rota interrompida,
E a amargura sem fim de um mesmo sonho vão...
Nos dormentes jardins bolem
asas incautas,
Sobre os campos a bruma ondeia, devagar.
Estremecem no céu estrelas sonolentas
E os rebanhos, que vão na neblina lunar,
Agitam molemente, ao longe, as curvas lentas
Das estradas de esmalte, ao rudo som das frautas.
Sobre os campos a bruma ondeia, devagar.
Estremecem no céu estrelas sonolentas
E os rebanhos, que vão na neblina lunar,
Agitam molemente, ao longe, as curvas lentas
Das estradas de esmalte, ao rudo som das frautas.
Anoitece...
Tremula ainda, no poente, a luz de alguns clarões,
E, enquanto sobre o meu teu olhar adormece,
Entre o perfil sombrio e vago dos chorões,
Redonda, a lua calma e distante, aparece...
Tremula ainda, no poente, a luz de alguns clarões,
E, enquanto sobre o meu teu olhar adormece,
Entre o perfil sombrio e vago dos chorões,
Redonda, a lua calma e distante, aparece...
Ronald
de Carvalho,
in “Poemas e Sonetos”.
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