sábado, 31 de dezembro de 2016

QUANTO MAIS VOS PAGO, MAIS VOS DEVO




QUANTO MAIS VOS PAGO, MAIS VOS DEVO
                             
Quem vê, Senhora, claro e manifesto
O lindo ser de vossos olhos belos,
Se não perder a vista só com vê-los,
Já não paga o que deve a vosso gesto.

Este me parecia preço honesto;
Mas eu, por de vantagem merecê-los,
Dei mais a vida e alma por querê-los;
Donde já me não fica mais de resto.

Assim que Alma, que vida, que esperança,
E que quanto for meu, é tudo vosso:
Mas de tudo o interesse eu só o levo.

Porque é tamanha bem-aventurança
O dar-vos quanto tenho, e quanto posso,
Que quanto mais vos pago, mais vos devo.



LUÍS DE CAMÕES (Lisboa, Portugal, 1524 – 1580).




sexta-feira, 30 de dezembro de 2016

VICENTE HUIDOBRO - Lua





Vicente Huidobro (Santiago, Chile, 1893 – Cartagena, 1948).

Extraordinariamente original na sua modernidade, foi um dos pais do “criacionismo” poético francês, que trouxe para Espanha, a partir de 1918.
O seu estilo é acentuadamente barroco; sua audácia interpretativa violenta, e as suas imagens estridentes, absurdas e caprichosas.

Algumas das suas obras: O Espelho de Água, Canções na Noite, A Gruta do Silêncio, Poemas Árticos, Equatorial.


Palavras de Vicente Huidobro:
“O poeta é um pequeno Deus.”


                      Lua


Estávamos tão distantes da vida
Que o vento nos fazia suspirar

A lua soa como um relógio

Inutilmente fugimos
O inverno desceu em nosso caminho
E o passado pleno de folhas secas
Perde a trilha da floresta

Fumamos tanto sob as árvores
Que as amendoeiras cheiram a tabaco
Meia-noite

Sobre a vida distante
Alguém chora
E a lua esqueceu de marcar a hora




quinta-feira, 29 de dezembro de 2016

ISIDORO PIRES - Alma Portuguesa




Isidoro Pires (Tavira, Portugal, 1894 – 1958).

Poeta de cariz popular, cultivou uma poesia lírica de raiz cristã, com especial inclinação para a redondilha maior e para o soneto. 

Publicou: Quadras, Ecos do Coração e Esparsos, colectânea de versos dados a público nos semanários regionalistas "Povo Algarvio" e "Povo do Algarve", de que foi director. 

Considerado um orador bastante fluente, diversas vezes teve ocasião de revelar estes seus dotes, mormente durante o tempo que exerceu o cargo de Presidente da Câmara de Tavira. 

Quadra gravada no monumento em sua honra:

Maria toma cuidado,
vê como pisas o chão!...
Se dás um passo mal dado,
pisas o meu coração



in “Literatura Portuguesa”


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             Alma Portuguesa


Tão grandes são os feitos portugueses,
De tão honrosa fama a sua história,
Que parecem um sonho; e, muitas vezes,
Nem sonhando se vê tanta vitória!

Lutar co’o ignoto Mar, meses e meses,
Do qual só vinham monstros à memória,
Para dar entre p’rigos e reveses
Novos mundos ao Mundo – é uma glória!

E se olharmos pr’à Gente Brasileira,
(Que apenas pelo nome é que é estrangeira!)
Palpitante de vida e luz do Céu;

Sentimos, com orgulho de nobreza,
Ser grande demais a Alma Portuguesa
Para caber na terra onde nasceu!...




in “Versos”


quarta-feira, 28 de dezembro de 2016

O PRIMEIRO DE TODOS OS MEUS SONHOS





O Primeiro de Todos os Meus Sonhos


o primeiro de todos os meus sonhos era sobre
um amante e o seu único amor,
caminhando devagar(pensamento no pensamento)
por alguma verde misteriosa terra

até o meu segundo sonho começar—
o céu é agreste de folhas;que dançam
e dançando arrebatam(e arrebatando rodopiam
sobre um rapaz e uma rapariga que se assustam)

mas essa mera fúria cedo se tornou
silêncio:em mais vasto sempre quem
dois pequeninos seres dormem(bonecas lado a lado)
imóveis sob a mágica

para sempre caindo neve.
E então este sonhador chorou:e então
ela rapidamente sonhou um sonho de primavera
— onde tu e eu estamos a florescer




E. E. CUMMINGS – poeta, pintor, dramaturgo (EUA, 1894 – 1962)

Tradução: Cecília Rego Pinheiro
Imagem: pintura de E.E.Cummings


terça-feira, 27 de dezembro de 2016

SOMBRA




                
Sombra


Aqui estás de novo perto de mim
Lembranças de meus companheiros mortos na guerra
A oliva do tempo
Lembranças que formam uma só
Assim como cem peles formam um só casaco
E centenas de feridos só fazem uma notícia
de jornal
Aparência impalpável e sombria que havias tomado
A forma cambiante de minha sombra
Um índio à espreita por toda a eternidade
Sombra tu rastejas perto de mim
Mas já não me olhas nem me ouves
Não conhecerás os poemas sublimes que canto
Enquanto sou eu quem os digo e os vejo
Destinos
Sombra múltipla que o sol te guarda
Tu que amas o suficiente para não me deixar nunca
E que danças ao sol sem levantar poeira
Sombra tinta do sol
Escritura de minha luz
Arcão de penas
Um deus que se humilha



Guillaume Apollinaireescritor, poeta e crítico de arte (Roma, Itália, 1880 – Paris, França, 1918).
Tradução: André Dick
Imagem: pintura de Sousa Lopes (Leiria, Portugal, 1879 – Lisboa, 1944).


segunda-feira, 26 de dezembro de 2016

RECADO AOS AMIGOS DISTANTES





Recado aos Amigos Distantes


Meus companheiros amados,
não vos espero nem chamo:
porque vou para outros lados.
Mas é certo que vos amo.

Nem sempre os que estão mais perto
fazem melhor companhia.
Mesmo com sol encoberto,
todos sabem quando é dia.

Pelo vosso campo imenso,
vou cortando meus atalhos.
Por vosso amor é que penso
e me dou tantos trabalhos.

Não condeneis, por enquanto,
minha rebelde maneira.
Para libertar-me tanto,
fico vossa prisioneira.

Por mais que longe pareça,
ides na minha lembrança,
ides na minha cabeça,
valeis a minha Esperança.




Cecília Meireles – Poetisa e escritora (Brasil, 1901–1964)

Imagem:pintura de Christian Schloe (Áustria)




domingo, 25 de dezembro de 2016

EM LOUVOR DAS CRIANÇAS





EM LOUVOR DAS CRIANÇAS


Se há na terra um reino que nos seja familiar e ao mesmo tempo estranho, fechado nos seus limites e simultaneamente sem fronteiras, esse reino é o da infância. A esse país inocente, donde se é expulso sempre demasiado cedo, apenas se regressa em momentos privilegiados — a tais regressos se chama, às vezes, poesia. Essa espécie de terra mítica é habitada por seres de uma tão grande formosura que os anjos tiveram neles o seu modelo, e foi às crianças, como todos sabem pelos evangelhos, que foi prometido o Paraíso.

A sedução das crianças provém, antes de mais, da sua proximidade com os animais — a sua relação com o mundo não é a da utilidade, mas a do prazer. Elas não conhecem ainda os dois grandes inimigos da alma, que são, como disse Saint-Exupéry, o dinheiro e a vaidade. Estas frágeis criaturas, as únicas desde a origem destinadas à imortalidade, são também as mais vulneráveis — elas têm o peito aberto às maravilhas do mundo, mas estão sem defesa para a bestialidade humana que, apesar de tanta tecnologia de ponta, não diminui nem se extingue.

O sofrimento de uma criança é de uma ordem tão monstruosa que, frequentemente, é usado como argumento para a negação da bondade divina. Não, não há salvação para quem faça sofrer uma criança, que isto se grave indelevelmente nos vossos espíritos. O simples facto de consentirmos que milhões e milhões de crianças padeçam fome, e reguem com as suas lágrimas a terra onde terão ainda de lutar um dia pela justiça e pela liberdade, prova bem que não somos filhos de Deus.



EUGÉNIO DE ANDRADE (Fundão, Póvoa de Atalaia, Portugal, 1923 – Porto, 2005), poeta
Imagem: pintura de Milton Dacosta (Brasil, 1915 – 1988)


sábado, 24 de dezembro de 2016

FICA COMIGO





Fica Comigo

Mãe,
arqueia os joelhos
para que o crepúsculo do medo
possa ceder ao berço
onde repouse.
E não me toques. Não me toques,
não me beijes.
Deixa-me permanecer aninhado no vazio
qual bicho de
sono.
Não me despertes.
Mãe, sou um menino de leite.
Apaga o seio.
Fica comigo: a noite
começa.



Eduarda Chiote (Bragança, Portugal, 1930).
Imagem: pintura de Ambrose McEvoy (Inglaterra, 1878 – 1927).

sexta-feira, 23 de dezembro de 2016

JOÃO RUI DE SOUSA - Ponto de fuga




João Rui de Sousa (Lisboa, Portugal, 1928).

Concluiu o curso técnico agrícola na Escola Prática de Agricultura D. Dinis e licenciou-se em Ciências Históricas e Filosóficas, pela Faculdade de Letras de Lisboa.

Em 1982 ingressou como investigador de espólios literários na Biblioteca Nacional.

A sua actividade literária divide-se entre a criação poética e o ensaísmo, cujo núcleo dominante consiste no estudo da poesia.

Fez a sua estreia (poemas e ensaio) na revista "Cassiopeia", da qual integrou a equipa de direcção, juntamente com José Bento, José Terra, António Carlos e António Ramos Rosa.
Tem colaborado em várias publicações, nacionais e estrangeiras e está representado em numerosas antologias.

Algumas Obras: Circulação, A Hipérbole na Cidade, Enquanto a Noite, a Folhagem, Os Percursos, as Estações, Fernando Pessoa – Empregado de Escritório, António Ramos Rosa ou o Diálogo com o Universo.



in "Instituto Camões”


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Palavras de João Rui de Sousa:
“O poema é um ser vivo, diria que tem vida quase própria, susceptível de ser riscado, alterado, acrescentado, sem perder autonomia.”



           Ponto de fuga


Procuro a minha voz e não a encontro.
Procuro o meu silêncio e não o tenho.
Ao desencontro vem o desencontro,
do maior ao menor é o meu tamanho.

No alto das esferas rolam as esferas, 
ermo adormecido, doida escuridão.
Procuro ali a voz e não a encontro.
Procuro o meu silêncio e não mo dão.

A espaços vi tão perto o meu querer,
a dúvida desfeita, puro abraço,
que logo pensei eu que a voz viesse
ou chegasse o silêncio ao meu cansaço.

Mas não. No grande desencanto (e frio)
em que na rua, gasto, me detenho,
procuro a minha voz e não a encontro,
procuro o meu silêncio e não o tenho.




quinta-feira, 22 de dezembro de 2016

JUVENAL – Poeta satírico romano




Juvenal (Aquino, Itália, 60 - Roma, 127).

É o mais conhecido poeta satírico romano. De sua vida conhecemos pouco, mas suas palavras se tornaram famosas. Entre elas, “o pão e o circo”, que os demagogos oferecem para enganar o povo.

Sabemos que ele escreveu no fim dos anos do primeiro século da nossa era e que esteve por pouco tempo na carreira militar. Mais tarde ele perdeu a amizade do imperador Domiciano e foi exilado para o Egipto, voltando no fim da vida, quando se tornou protegido do imperador Adriano. Ele foi o mais enérgico dos poetas satíricos de Roma e dirigiu os seus ataques contra os vícios sociais do Império Romano.

Todas as suas sátiras mostram uma profunda antipatia contra o sistema imperial e lamenta a queda dos costumes e o fim da constituição republicana, do tempo em que os romanos formavam um grupo unido e forte com gostos simples e hábitos de sérios guerreiros.

Juvenal sente as vantagens do Império Romano, mas insiste sobre os males e os abusos trazidos pelos costumes estrangeiros e sobre um estado de paz que não servia ao progresso da nação. Coloca os recursos da sátira contra os grupos de gregos espertos e sem escrúpulos que eram capazes de tudo fazer para ganhar dinheiro.

Ele descreve o excesso de luxo de toda sorte, o culto do ouro e dos interesses materiais, a degradação das antigas famílias, a arrogância e a ostentação dos novos-ricos. 

Juvenal ficou conhecido por suas sátiras, 16 das quais são conhecidas. O seu estilo é brilhante, notável por pequenas descrições bem feitas. 

Muitas das sátiras mostram profunda simpatia pelos pobres e muito desagrado pelos ricos. Os textos de Juvenal fazem contraste como a obra do anterior poeta romano Horácio, que produziu sátiras com um ridículo gentil.

O estilo de Juvenal tornou-se uma técnica literária ao fazer a crítica amarga com ironia, no julgamento do governo e da sociedade com ataques pessoais, indignação e pessimismo. Nas suas últimas sátiras, Juvenal reúne suas acusações vigorosas e muitas vezes pessoais com passagens de grande beleza, nas quais ele descreve o ideal da existência virtuosa e dos costumes simples.



Fonte:Ângelo Torres - filósofo e professor universitário.



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Palavras de Juvenal:
“Quanto mais o dinheiro aumenta, mais cresce a vontade de possuí-lo.”







quarta-feira, 21 de dezembro de 2016

JORGE DE AMORIM - Sempre





Jorge de Amorim (Gandra, Paredes, Portugal, 1928).

Fez a primária e a secundária em Portugal e o curso de Filosofia e Teologia em Espanha. Em 1964 realizou estudos em idiomas modernos em Inglaterra e na Irlanda. 

Desde 1966 reside na Venezuela.

É autor de 16 obras poéticas, cinco das quais são ainda inéditas. Está amplamente representado em quase todas as antologias da moderna poesia portuguesa.

Algumas das suas obras:Oráculos, Raiz da Noite, Barisfera.


in “Wook”


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Palavras de Jorge de Amorim:
"Prosa? Amo-a, muito. Mas o meu compromisso é, desde sempre, só com o mais difícil".



             Sempre


Não! Não me deixes fazer nada,
Não me deixes já ir-me,
Lua
Branca!
Nada mais fazer do que este encanto;
esta quieta viagem clara e alta!
Não, não me deixes
fazer nada;
não me deixes já indo,
Lua
pálida!
O pé enamorado, não mo deixes...
Doba todas as sendas e as estradas!
E estas mãos, minhas mãos transidas,
Ata-mas!
Craveja-mas de estrelas,
Lua
errática!...

terça-feira, 20 de dezembro de 2016

CASA MUSEU GUERRA JUNQUEIRO





CASA MUSEU GUERRA JUNQUEIRO


Situada na Rua D. Hugo, fica a casa do cónego magistral da Sé do Porto, Domingos Barbosa. Esta casa nobre, datada do 2.º quartel do século XVIII, que dá ao Porto um barroco com características muito próprias, foi inaugurada como casa museu em 1942, com o objectivo de evocar a figura de Guerra Junqueiro e recriar o ambiente privado da sua residência.

A Casa Museu Guerra Junqueiro apresenta das mais notáveis colecções de artes decorativas, nacionais e estrangeiras, da cidade - mobiliário, ourivesaria, torêutica, têxteis, cerâmica, vidros - que abrangem períodos compreendidos entre o século XV e XIX. Estas colecções, bem como o edifício, resultam da doação feita pela filha do Poeta, Maria Isabel Guerra Junqueiro de Mesquita Carvalho, e pela mulher, Filomena Augusta Guerra Junqueiro, à Câmara Municipal do Porto. 

As colecções foram complementadas por aquisições feitas pelo município e por um depósito suplementar das doadoras. 

A colecção de escultura, portuguesa e estrangeira, e parte da colecção da arte do metal (cruzes, turíbulos, almofarizes) constituem um depósito suplementar do Museu Nacional de Arte Antiga, um legado do Poeta.

O edifício foi requalificado, em 1996, pelo arquitecto portuense Alcino Soutinho que o dotou de salas de exposições temporárias, loja, cafetaria e um pátio exterior onde se pode apreciar a escultura do Poeta, criação do mestre Leopoldo de Almeida.



Fonte: “Direcção-Geral do Património Cultural”




segunda-feira, 19 de dezembro de 2016

FEDERICO GARCIA LORCA - Morto de Amor




Federico Garcia Lorca (Fuente Vaqueros, Granada, Espanha, 1898 – Granada, 1936).
Poeta e dramaturgo.
Em Agosto de 1936 foi fuzilado em Granada, por militantes franquistas, no início da Guerra Civil Espanhola.


  Morto de Amor


Que é aquilo que reluz
pelos altos corredores?
Fecha essa porta, meu filho,
acabam de dar as onze.
Em meus olhos, sem querer,
brilham quatro lampiões.
Talvez ainda aquela gente
esteja a polir o cobre.
              
              *
Alho de agónica prata
o quarto minguante, põe
cabeleiras amarelas
sobre as amarelas torres.
A noite chama a tremer
a vidraça das varandas,
perseguida pelos mil
rafeiros que não a conhecem,
e um olor de vinho e âmbar
solta-se dos corredores.
               
              *
Brisas de cana molhada
e rumor de velhas vozes
ressoavam pelo arco
quebrado da meia-noite.
Os bois e as rosas dormiam.
Somente nos corredores
as quatro luzes clamavam
com o furor de S. Jorge.

Tristonhas mulheres do vale
desciam seu sangue de homem,
tranquilo de flor cortada
e amargo de coxa jovem.
E velhas mulheres do rio
choravam ao pé do monte
um minuto intransitável
de cabeleiras e nomes.
Fachadas de cal tornavam
quebrada e branca essa noite.
Ciganos e serafins
tocavam acordeões.
Minha mãe, quando eu morrer,
que se informem os senhores.
Põe telegramas azuis
que cheguem ao Sul e ao Norte.
Sete gritos, sete sangues,
sete duplas papoulas,
quebraram opacas luas
pelos escuros salões.
Coberto de mãos cortadas
e de grinaldas de flores,
o oceano dos juramentos
ressoava, não sei onde.
E o céu batia nas portas
do brusco rumor do bosque,
enquanto as luzes clamavam
pelos altos corredores.



in “Romancero Gitano”
Tradução: José Bento 
Imagem: retrato de Garcia Lorca por Gregorio Prieto (Espanha, 1897-1992) pintor da Geração de 27.

MALMEQUER

MALMEQUER Português, ó malmequer Em que terra foste semeado? Português, ó malmequer Cada vez andas mais desfolhado Ma...