terça-feira, 6 de dezembro de 2016

RAINER MARIA RILKE - A Canção do Idiota




Rainer Maria Rilke (Praga, Império Austro-Húngaro, actual República Checa,1875 — Valmont, Suíça, 1926).

Residiu por muito tempo em Paris e foi secretário de Rodin. Em seus livros, passou do simbolismo à procura do significado real da arte e da morte.

Algumas das suas obras:Elegias de Duíno, Sonetos a Orfeu, Os Cadernos de Malte Laurids Brigge, Cartas a um Jovem Poeta.



in “Dicionário Larousse”



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Palavras de Rainer Maria Rilke:
“O nosso mundo é um pano de cena atrás do qual se escondem os segredos mais profundos.”



        A Canção do Idiota


Não me incomodam. Deixam-me ir.
Dizem que não pode acontecer nada.
Ainda bem.
Não pode acontecer nada. Tudo chega e gira
sempre em torno do Espírito Santo,
em torno de determinado espírito (tu sabes) —
que bem.

Não, realmente não deve pensar-se que haja
qualquer perigo nisso.
Sim, há o sangue.
O sangue é o mais pesado. O sangue é pesado.
Por vezes penso que não posso mais —
(Ainda bem.)

Ah, que linda bola;
vermelha e redonda como um em-toda-a-parte.
Ainda bem que a criastes.
Ela vem quando se chama?

De que estranha maneira tudo se comporta,
apressa-se a juntar-se, separa-se nadando:
amigável, um pouco vago.
Ainda bem.



in "O Livro das Imagens" (Citador)

Tradução:Maria João Costa Pereira




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