Luis
de Góngora (Córdova, Espanha, 1561-1627).
Poeta, figura exponencial
do cultismo e do conceptismo e criador do movimento literário chamado gongorismo.
Mal compreendido na sua
época, em virtude da afectação e dos requintes estilísticos da sua obra, viu-se
Góngora atacado e ridicularizado por muitos dos seus contemporâneos, como Lope
de Veja e Quevedo, não obstante a admiração apaixonada de alguns poucos.
Foi
somente no século XX que ele se viu reabilitado e consagrado como uma das
maiores expressões da literatura espanhola.
Habilíssimo sonetista, a sua obra culmina
com a Fábula de Polifemo e Galatéia,
o Panegírico ao Duque de Lerma e,
sobretudo, com as Soledades, que
apesar de inacabadas, são hoje consideradas a obra-prima da literatura
espanhola de todos os tempos.
in “Dicionário Larousse”
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Os
brancos lírios que, de cento em cento
Os
brancos lírios que, de cento em cento,
filhos
do sol, nos dá a primavera,
a
quem do Tejo são nesta ribeira
ouro
seu berço, perlas o alimento;
as
frescas rosas, que ambicioso o vento
com
pluma solicita lisonjeira,
como
quem de uma ou outra folha espera
purpúreas
asas, se lascivo alento,
ao
vosso belo pé cada qual deve
toda
a beleza, que fará a mão,
se
tanto pode o pé, que ostenta flores,
por
que vosso esplendor supere a neve,
vença
seu rosicler, e por que em vão,
falando vós, espirem seus olores?
Tradução:Fernando Mendes Vianna
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