João
Rui de Sousa (Lisboa, Portugal, 1928).
Concluiu o curso técnico
agrícola na Escola Prática de Agricultura D. Dinis e licenciou-se em Ciências
Históricas e Filosóficas, pela Faculdade de Letras de Lisboa.
Em 1982 ingressou como
investigador de espólios literários na Biblioteca Nacional.
A sua actividade literária
divide-se entre a criação poética e o ensaísmo, cujo núcleo dominante consiste
no estudo da poesia.
Fez a sua estreia (poemas
e ensaio) na revista "Cassiopeia", da qual integrou a equipa de
direcção, juntamente com José Bento, José Terra, António Carlos e António Ramos
Rosa.
Tem colaborado em várias
publicações, nacionais e estrangeiras e está representado em numerosas
antologias.
Algumas Obras: Circulação, A Hipérbole na Cidade, Enquanto
a Noite, a Folhagem, Os Percursos, as Estações, Fernando Pessoa – Empregado de
Escritório, António Ramos Rosa ou o Diálogo com o Universo.
in "Instituto Camões”
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Palavras
de João Rui de Sousa:
“O
poema é um ser vivo, diria que tem vida quase própria, susceptível de ser
riscado, alterado, acrescentado, sem perder autonomia.”
Ponto
de fuga
Procuro
a minha voz e não a encontro.
Procuro
o meu silêncio e não o tenho.
Ao
desencontro vem o desencontro,
do
maior ao menor é o meu tamanho.
No
alto das esferas rolam as esferas,
ermo
adormecido, doida escuridão.
Procuro
ali a voz e não a encontro.
Procuro
o meu silêncio e não mo dão.
A
espaços vi tão perto o meu querer,
a
dúvida desfeita, puro abraço,
que
logo pensei eu que a voz viesse
ou
chegasse o silêncio ao meu cansaço.
Mas
não. No grande desencanto (e frio)
em
que na rua, gasto, me detenho,
procuro
a minha voz e não a encontro,
procuro o meu silêncio e não o tenho.
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