Guimarães
Rosa
(Cordisburgo, Brasil, 1908 — Rio de
Janeiro, 1967).
Sua estreia literária
deu-se, em 1929, com a publicação, na revista "O Cruzeiro", do conto O mistério de Highmore Hall, que não faz
parte de nenhum de seus livros. Em 1936, a colectânea de versos Magma, obra inédita, recebe o Prémio
Academia Brasileira de Letras, com elogios do poeta Guilherme de Almeida.
A publicação do livro de
contos Sagarana, em 1946,
garantiu-lhe um privilegiado lugar de destaque no panorama da literatura
brasileira, pela linguagem inovadora, pela singular estrutura narrativa e a
riqueza de simbologia dos seus contos. Com ele, o regionalismo estava novamente
em pauta, mas com um novo significado e assumindo a característica de
experiência estética universal.
Em 1952, Guimarães Rosa
fez uma longa excursão a Mato Grosso e escreveu o conto Com o vaqueiro Mariano, que integra, hoje, o livro póstumo Estas estórias (1969), sob o título
"Entremeio: Com o vaqueiro
Mariano".
A importância capital
dessa excursão foi colocar o Autor em contacto com os cenários, os personagens e
as histórias que ele iria recriar em Grande sertão: Veredas.
É o único romance escrito por Guimarães Rosa e um dos mais
importantes textos da literatura brasileira.
in “Academia Brasileira de Letras” (excertos)
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Palavras
de Guimarães Rosa:
“Se
todo animal inspira ternura, o que houve, então, com os homens?”
Gargalhada
Quando
me disseste que não mais me amavas,
e
que ias partir,
dura,
precisa, bela e inabalável,
com
a impassibilidade de um executor,
dilatou-se
em mim o pavor das cavernas vazias...
Mas
olhei-te bem nos olhos,
belos
como o veludo das lagartas verdes,
e
porque já houvesse lágrimas nos meus olhos,
tive
pena de ti, de mim, de todos,
e
me ri
da
inutilidade das torturas predestinadas,
guardadas
para nós, desde a treva das épocas,
quando
a inexperiência dos Deuses
ainda não criara o mundo...
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