segunda-feira, 12 de dezembro de 2016

GUIMARÃES ROSA - Gargalhada





Guimarães Rosa (Cordisburgo, Brasil, 1908 — Rio de Janeiro, 1967).

Sua estreia literária deu-se, em 1929, com a publicação, na revista "O Cruzeiro", do conto O mistério de Highmore Hall, que não faz parte de nenhum de seus livros. Em 1936, a colectânea de versos Magma, obra inédita, recebe o Prémio Academia Brasileira de Letras, com elogios do poeta Guilherme de Almeida.

A publicação do livro de contos Sagarana, em 1946, garantiu-lhe um privilegiado lugar de destaque no panorama da literatura brasileira, pela linguagem inovadora, pela singular estrutura narrativa e a riqueza de simbologia dos seus contos. Com ele, o regionalismo estava novamente em pauta, mas com um novo significado e assumindo a característica de experiência estética universal.

Em 1952, Guimarães Rosa fez uma longa excursão a Mato Grosso e escreveu o conto Com o vaqueiro Mariano, que integra, hoje, o livro póstumo Estas estórias (1969), sob o título "Entremeio: Com o vaqueiro Mariano".

A importância capital dessa excursão foi colocar o Autor em contacto com os cenários, os personagens e as histórias que ele iria recriar em Grande sertão: Veredas

É o único romance escrito por Guimarães Rosa e um dos mais importantes textos da literatura brasileira.



in “Academia Brasileira de Letras” (excertos)


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Palavras de Guimarães Rosa:
“Se todo animal inspira ternura, o que houve, então, com os homens?”


                 Gargalhada

Quando me disseste que não mais me amavas,
e que ias partir,
dura, precisa, bela e inabalável,
com a impassibilidade de um executor,
dilatou-se em mim o pavor das cavernas vazias...
Mas olhei-te bem nos olhos,
belos como o veludo das lagartas verdes,
e porque já houvesse lágrimas nos meus olhos,
tive pena de ti, de mim, de todos,
e me ri
da inutilidade das torturas predestinadas,
guardadas para nós, desde a treva das épocas,
quando a inexperiência dos Deuses
ainda não criara o mundo...








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