Francisco
Adolfo Coelho (Coimbra, Portugal, 1847 — Carcavelos, 1919).
Filólogo e introdutor da
filologia científica em Portugal. Apesar de não ter frequentado a universidade,
foi nomeado professor de Filologia Comparada no Curso Superior de Letras, a
partir de 1878, por mérito próprio, num dos mais notáveis casos de
autodidactismo e vocação pedagógica da moderna história da cultura portuguesa.
A sua facilidade para
aprender outros idiomas permitiu-lhe um estreito contacto com as doutrinas de
linguístas estrangeiros, sobretudo germânicos. Procurou fundamentar a cultura
portuguesa nas ciências do espírito, e não nas ciências da natureza, como era
hábito do positivismo da sua época.
Os seus trabalhos
caracterizaram-se por relacionar diversos domínios – o etnográfico com o
folclórico, o estudo do traje com a área geográfica, o estudo das palavras com
o estudo das coisas –, tendo sido importantes e decisivos para a transformação
das mentalidades, insistindo na importância da introdução do método científico
na investigação.
Foi, além disso, um
precursor dos estudos linguísticos, ocupando-se do português do Brasil e dos
crioulos e interessando-se particularmente pelos problemas do ensino. Foi,
aliás, a sua conferência sobre «A questão do ensino» que, acusando a Igreja e o
Estado de serem responsáveis pelo panorama desolador em que se encontrava o
ensino em Portugal, provocou a proibição das célebres Conferências do Casino
(1871).
O primeiro e único museu
pedagógico em Portugal foi também de sua iniciativa.
in “Dicionário Cronológico
de Autores Portugueses”
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