sexta-feira, 16 de dezembro de 2016

FERNANDA DE CASTRO - Se os Poetas Dessem as Mãos




Fernanda de Castro (Lisboa, Portugal,1900 – Lisboa, 1994).

Estreou-se, literáriamente, em 1919, com a publicação de um livro, de bucólicas e sonetos, intitulado: Antemanhã, tendo, então, recebido unânimes elogios da crítica.

O seu lirismo revela-se essencialmente contemplativo, associando a espiritualidade da Natureza com a sua própria espiritualidade. 

Muito dedicada à protecção da infância, fundou e dirigiu a “Associação Nacional dos Parques Infantis”. 

Apresentou na Estufa Fria, em Lisboa, espectáculos infantis com números de canto, poesia, teatro e bailado, sob a designação de “O Pássaro Azul”, interpretados por crianças dos Parques Infantis. Em 1964 realizou, no Teatro Tivoli, “Tardes de Poesia”.

Algumas das suas obras: Cidade em Flor, Trinta e Nove Poemas, O Veneno do Sol, Maria da Lua, Náufragos, O Empresário e a Actriz, A Pedra no Lago.



in “Dicionário de Mulheres Célebres”


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Palavras de Fernanda de Castro:
“Porque chamamos vivos aos que esperam a vez, marcando passo? E mortos aos que se libertaram e são livres no espaço?”



Se os Poetas Dessem as Mãos


Se os Poetas dessem as mãos
e fechassem o Mundo
no grande abraço da Poesia,
cairiam as grades das prisões
que nos tolhem os passos,
os arames farpados
que nos rasgam os sonhos,
os muros de silêncio,
as muralhas da cólera e do ódio,
as barreiras do medo,
e o Dia, como um pássaro liberto,
desdobraria enfim as asas
sobre a Noite dos homens.

Se os Poetas dessem as mãos
e fechassem o Mundo
no grande abraço da Poesia.




in "Ronda das Horas Lentas"

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