A
CHÁVENA DE CHÁ
Era
um erudito arrogante que ouvira falar de um grande sábio, e disse para si
próprio: «Não deve ter nada para me ensinar, mas também não perco nada por
visitá-lo”. Uma vez em casa do sábio, ambos se sentaram na sala. O erudito
começou a mostrar os seus saberes literários, usando todo o tipo de sentenças e
divagando sobre matérias diversas.
De
súbito, o sábio disse:
-
Um momento, vou trazer chá.
Voltou
com um tabuleiro com duas chávenas e uma chaleira. Começou a servir chá na
chávena do convidado e, quando esta já estava cheia, continuou a servir chá,
derramando-o pela mesa. O convidado, mal-humorado, exclamou:
-
Mas não está a ver que a chávena já está cheia?
O
sábio respondeu serenamente:
-
E o senhor não vê que, com tanto conhecimento emprestado, não é capaz de
aprender mais nada?
Para
atingir a serenidade, a virtude, a claridade da mente e a sabedoria, os
conhecimentos teóricos são de pouca ajuda. A teoria só é útil se nos induz à
prática e nos motiva para nos irmos transformando. Ninguém se liberta com
conhecimentos emprestados, mas sim através da própria experiência e do trabalho
interior que, sendo feito com esforço e diligência, noa ajuda a combater a
negligência, permitindo-nos ir dissipando os obscurecimentos da mente.
in “Os Melhores Contos
Espirituais do Oriente” – Ramiro Calle
Imagem: pintura de Giulio
Rosati (Roma, Itália, 1858 – 1917).
Publicação nº 1251
muy bueno
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