terça-feira, 3 de janeiro de 2017

ANTÓNIO ALVES MARTINS – Soneto do Cárcere

    



ANTÓNIO ALVES MARTINS

(Viseu, Portugal, 1894 – 1929)

Poeta e jornalista


António Alves Martins será sempre um poeta com inscrição na literatura portuguesa. 
A actividade do escritor estendeu-se da tragédia ao mais depurado lirismo, do drama à entrevista (e Fernando Pessoa foi um dos seus entrevistados…), do academismo à colaboração crítica e literária, por exemplo. 


in, “Limiares da Escrita" – Revista de Arte e Crítica de Viseu (excerto).


Palavras 
de 
António Alves Martins

“Enfim, desculpa, eu sou Poeta: só sei escrever assim!”  


          
SONETO DO CÁRCERE


A tão longa saudade destes dias,
E destas noites a tão longa dor,
São uma bela penitência, Amor,
Por essas horas que eu tornei sombrias!

As horas que entre nós têm sido frias,
Por minha culpa, deixa-me supor
Que já lhes deu ternura este calor
Que sempre, como agora, merecias!

A minha culpa sinto-a resgatada!
- Bendita seja a cela condenada
A aprisionar tão longa saudade...

Bendita seja, sim, pois a ternura
Que sinto agora, vem desta amargura,
E, por ela, comungo a Eternidade!



Imagem: “Cárcere” - pintura de Vítor Borges (Brasil)




Publicação nº 1233

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