ANTÓNIO ALVES MARTINS
(Viseu, Portugal, 1894 – 1929)
Poeta e jornalista
António
Alves Martins será sempre um poeta com inscrição na literatura portuguesa.
A
actividade do escritor estendeu-se da tragédia ao mais depurado lirismo, do
drama à entrevista (e Fernando Pessoa foi um dos seus entrevistados…), do
academismo à colaboração crítica e literária, por exemplo.
in, “Limiares da Escrita" – Revista de Arte e Crítica de
Viseu (excerto).
Palavras
de
António Alves Martins
“Enfim, desculpa, eu sou Poeta: só sei
escrever assim!”
SONETO DO CÁRCERE
A
tão longa saudade destes dias,
E
destas noites a tão longa dor,
São
uma bela penitência, Amor,
Por essas horas que eu tornei sombrias!
As
horas que entre nós têm sido frias,
Por
minha culpa, deixa-me supor
Que
já lhes deu ternura este calor
Que sempre, como agora, merecias!
A
minha culpa sinto-a resgatada!
- Bendita
seja a cela condenada
A aprisionar tão longa saudade...
Bendita
seja, sim, pois a ternura
Que
sinto agora, vem desta amargura,
E, por ela, comungo a Eternidade!
Imagem: “Cárcere” - pintura de Vítor Borges (Brasil)
Publicação nº 1233
Publicação nº 1233
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