ANTÓNIO
PEDRO
(Cidade da Praia, Cabo Verde, 1909 – Moledo do Minho, Portugal,
1966).
Encenador, poeta, dramaturgo e artista plástico
Personalidade multifacetada, generoso e versátil, foi pintor nos anos 30 e 40 e responsável pela ruptura então processada dentro do modernismo português: a proposta surrealista apresentada em 1940 com Dacosta e Pamela Boden, em exposição na Casa Repe, em Lisboa.
Integra em 1947 o grupo surrealista de Lisboa, com o qual
expõe pela última vez pintura em 1949. No mesmo ano assume em Lisboa a direcção
do Teatro Apolo.
Inicia em 1950 o seu exílio voluntário em Moledo do Minho,
praticando cerâmica e envolvendo-se no campo teatral, tendo sido director,
figurinista e encenador do Teatro Experimental do Porto (1953-1961).
Ensaísta e crítico de
arte, cronista da BBC em Londres em 1944-1945, deixou vasta obra publicada. A
ele e a Tom se ficou a dever também a
organização da primeira galeria de arte moderna em Portugal, a UP, ao Chiado.
Grande parte da sua
produção de pintor pereceu num incêndio do atelier
em 1944.
Está representado no Museu da Fundação Gulbenkian.
Algumas das suas obras
mais importantes: Os meus sete pecados
mortais, Devagar, Máquina de Vidro, Poemas au Hasard, Onze Poemas Líricos de
Exaltação, Protopoema da Serra de Arga, Pequeno Tratado de Encenação.
in “Grande Livro dos Portugueses”
******
Palavras
de
António
Pedro
“A
poesia precisa cada vez menos de palavras. A pintura precisa cada vez mais de
poesia.”
Auto-retrato
Mago
de me fazer história e guerra,
Capaz
em cada imagem de servir
A
minha imagem d’oiro que um porvir
Breve desfaz e n’outra imagem se erra,
Ou
louco de temer-me, pela serra
Árvore
doida em transe de florir
Mãos
como frutos, e olhos a dormir
Ao marulho das ondas, sobre a terra,
Quero-me,
tonto, a tornar exacto e certo,
Quotidiano
e vil, como suponho
Tão necessário que se seja, aquilo
Que
ultrapassando o limiar incerto
Do
que é em suave (de divino) trilo
Recria em mundo o que nasceu num sonho.
in “Casa de Campo”
Sem comentários:
Enviar um comentário