O TRISTE RISO DE UM PALHAÇO
Pietro Mascagni, com Cavalaria
rusticana, tinha imposto na ópera o movimento verista, que pretendia
transladar para a cena lírica os princípios do realismo que, em literatura,
eram representados por Émile Zola ou Giovanni Verga. Neste ano, seguem o seu
caminho músicos como Alfredo Catalani, com Mala
vita e, acima de todos, Ruggero Leoncavallo, com Pagliacci. Esta última inspira-se num facto real, ocorrido durante
a infância do compositor numa povoação da Calábria: o assassínio de uma mulher
às mãos do seu amante, membro de uma companhia de palhaços.
Com libreto do
próprio Leoncavallo, a ópera é estreada em Milão a 21 de Maio de 1892, dirigida
pela batuta de Arturo Toscanini.
Alcança um êxito extraordinário, e não é para
menos: o subtil desenho psicológico das personagens, a concentração e
intensidade da acção e uma eficaz mistura de comédia e drama, além de uma
escrita melódica directa, fazem de Pagliacci
um clássico.
Destacam-se especialmente, o recitativo e a ária do palhaço Canio
«Recitar!... Vesti la giubba» (Recitar!...Veste o gibão), no qual se expressa
todo o drama que anima o protagonista, a contradição de fazer rir as pessoas
enquanto no seu interior é corroído pelo desespero e pelos ciúmes.
in “Crónica da Música”
Imagem: Luciano
Pavarotti
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