ALCIONE
SORTICA
(Cachoeira do Sul, Rio Grande do Sul, Brasil,1935)
Escritor, ensaísta e poeta
É
um escritor premiado pela sua obra literária de carácter urbana e regionalista,
apresentada em contos, crónicas e poesias. Além da distinção no estudo da
língua portuguesa e da literatura brasileira, completou seus conhecimentos com
o francês, o inglês e o latim, línguas comuns ao ensino da época.
A
partir de 1969 passa a dedicar-se às artes: inicialmente música e pintura. Em
2000, com o nascimento da sua primeira neta – Stephanie – a literatura começa a
tomar forma.
O poema Raio de Luz, publicado no “Jornal RS
Letras”, deu início à sua efectiva vida literária.
Velhos escritos são
desengavetados, outros novos vão surgindo, entre contos, crónicas, ensaios e
poemas.
Das inúmeras viagens surgiram as crónicas da série Histórias de Viagens.
Em 2005, publicou seu primeiro livro Cacos do Tempo, com prefácio do amigo e
também escritor Nelson Fachinelli.
Com mais de 100 participações em revistas,
jornais, antologias e colectâneas cooperativadas nacionais e internacionais, sua
obra literária conquistou vários prémios.
in” Página Oficial de Alcione Sortica” (excertos)
Palavras
de
Alcione Sortica
“Se
me entendo na minha anarquia, não tentes organizá-la. Respeite a bagunça alheia.”
Raio
de luz
Se
a única realidade é o passado,
onde
está a criança que nasci,
o
jovem que usou meu cérebro para sonhar,
o
homem que fui ontem, hoje de manhã,
há
apenas um segundo?
Só
estiveram, amaram, riram ou choraram,
num
pedaço qualquer do tempo,
mas
lá não estão mais.
E
se a certeza é o futuro,
quem
será e onde estará
o
homem, que serei daqui a instantes,
amanhã
de manhã, até mais não sei quando?
Tal
e qual o menino do passado,
também
não consigo encontrá-lo.
Ambos
não morreram,
mas
nenhum existe.
Somos,
na realidade,
uma
infinidade de seres diferentes,
a
cada avanço milimétrico do tempo,
revelando
o ser confuso,
mágico,
incompreensível,
que
somos no momento.
Na
velocidade incomensurável da luz,
a
terra desloca-se no universo,
atrelada
à galáxia.
E
você, que leu este poema até o fim,
já
está a milhões de quilómetros do princípio,
e não é a mesma pessoa que alguém viu ou conheceu.
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