ALFREDO MARCENEIRO
(Lisboa,
Portugal, 1891 – 1982)
Fadista
Tomou contacto com o Fado
ao assistir às cegadas de rua. Conheceu então Júlio Janota que, para além de
participar nas cegadas, tinha o ofício de marceneiro e lhe arranjou lugar como
seu aprendiz numa oficina em Campo de Ourique.
Alfredo Duarte começou por
cantar Fados nos bailes populares que frequentava, entre os 14 e os 17 anos. É
nesta altura, em 1908, que faz a sua estreia na cegada do poeta Henrique
Lageosa, inspirada no argumento do filme mudo O Duque de Guise, onde interpreta o papel da amante do Duque.
Para além de participar
nas cegadas, onde desenvolve o seu método de dizer bem e dividir as orações,
Alfredo Duarte começa a cantar em diversas festas de solidariedade e nos
retiros do Caliça, Bacalhau, José dos Pacatos, Cachamorra, Baralisa e Romualdo,
mas é no 14 do Largo do Rato que se torna mais conhecido.
É alcunhado de
"Alfredo Lulu" por se vestir de forma elegante e aprumada, mas será o
apelido de "Marceneiro", que se eternizará, cantado pelo próprio
fadista no poema de Armando Neves, de que reproduzimos um excerto:
"Orgulho-me
de ser em toda a parte
Português
e fadista verdadeiro,Eu que me chamo Alfredo, mas Duarte
Sou para toda a gente o Marceneiro"
No ano de 1924 participa
num concurso de Fados do Sul-América, um espaço situado na Rua da Palma, e onde
ganhou a "Medalha de Ouro". Nesse mesmo ano canta durante dois meses
no Chiado Terrasse para animar as noites de cinema e é presença na "Festa
do Fado" organizada pelo jornal "Guitarra de Portugal" no Teatro
São Luiz.
A partir desta data a sua
carreira prossegue com grande sucesso actuando em casas como o Retiro da
Severa, o Solar da Alegria ou o Café Mondego. Chega mesmo a ter a sua própria
casa, o Solar do Marceneiro, no final da década de 1940, mas sendo um espírito
irrequieto não consegue cingir-se a cantar diariamente nesse espaço.
Apesar do sucesso da sua
carreira nunca saiu de Portugal para actuações e raramente deixou Lisboa,
embora na década de 1930 tivesse integrado alguns espectáculos de grupos
criados para efectuar tournées por Portugal.
Alfredo Marceneiro
considerava-se um estilista e nesta criação de estilos acabou por ser autor de
composições que são hoje consideradas Fados tradicionais.
"Ti’ Alfredo"
para os fadistas e amigos continua a ser considerado um dos fadistas maiores,
seguido como um modelo na forma de dividir os versos cantados, não permitindo
que as pausas musicais interrompam o sentido das orações. A sua figura
característica, sempre de boina e lenço de seda ao pescoço, será recordada
juntamente com o seu modo particular de interpretar, com o balancear de ombros
e tronco e as mãos nos bolsos.
Em 23 de Junho de 1980,
numa cerimónia realizada no Teatro São Luiz, é-lhe entregue a "Medalha de
Ouro de Mérito da Cidade de Lisboa".
in “Museu do Fado” (excertos)
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