RENÉ CHAR
(Vaucluse, França,
1907 - Paris, 1988)
Poeta
Companheiro de André Breton e Paul Éluard
nas hostes do Sobrerrealismo, com eles redigiu alguns textos do grupo, sem
contudo aceitar completamente a ruptura entre a poesia e a realidade, a que ele
conduzia.
Afastando-se pouco a pouco dos sobrerrealistas, tomou parte na guerra
de Espanha e, em 1944, comandou uma guerrilha contra a ocupação alemã,
experiências de que resultaram alguns dos mais belos poemas da resistência: Seuls demeurent (1945), Feuillets d´Hypnos (1946). Esta obra
marca o ponto de partida para uma poesia densa, por vezes difícil e quase
hermética, mas sempre impregnada de um humanismo e de um optimismo forte, a que
não é estranha a sua origem meridional.
in
“Enciclopédia de Cultura”
***
Palavras
de René Char
"Não é digno do poeta ludibriar o
cordeiro, investindo em sua lã."
A VIDRAÇA
Chuvas
puras, esperadas mulheres,
O rosto que lavais,
De vidro condenado aos sofrimentos,
É o rosto do revoltado;
O outro, fremindo ao fogo da lareira,
É a vidraça do afortunado.
O rosto que lavais,
De vidro condenado aos sofrimentos,
É o rosto do revoltado;
O outro, fremindo ao fogo da lareira,
É a vidraça do afortunado.
Vos
quero bem, ó dúplice mistério,
A um e outro estou ligado;
Dói-me tanto e me sinto bem.
A um e outro estou ligado;
Dói-me tanto e me sinto bem.
Imagem: René Char - fotografia
de Man Ray
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