domingo, 27 de agosto de 2017

RENÉ CHAR - A Vidraça

 
 
 
RENÉ CHAR
(Vaucluse, França, 1907 - Paris, 1988)
 
Poeta

 
Companheiro de André Breton e Paul Éluard nas hostes do Sobrerrealismo, com eles redigiu alguns textos do grupo, sem contudo aceitar completamente a ruptura entre a poesia e a realidade, a que ele conduzia.
 
Afastando-se pouco a pouco dos sobrerrealistas, tomou parte na guerra de Espanha e, em 1944, comandou uma guerrilha contra a ocupação alemã, experiências de que resultaram alguns dos mais belos poemas da resistência: Seuls demeurent (1945), Feuillets d´Hypnos (1946). Esta obra marca o ponto de partida para uma poesia densa, por vezes difícil e quase hermética, mas sempre impregnada de um humanismo e de um optimismo forte, a que não é estranha a sua origem meridional.

 
 
in “Enciclopédia de Cultura”

 
***

Palavras de René Char
"Não é digno do poeta ludibriar o cordeiro, investindo em sua lã."

 
A VIDRAÇA

Chuvas puras, esperadas mulheres,
O rosto que lavais,
De vidro condenado aos sofrimentos,
É o rosto do revoltado;
O outro, fremindo ao fogo da lareira,
É a vidraça do afortunado.

Vos quero bem, ó dúplice mistério,
A um e outro estou ligado;
Dói-me tanto e me sinto bem.

 
 
Imagem: René Char - fotografia de Man Ray


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