MANUEL
LARANJEIRA
(Mozelos,
Portugal, 1877 - Espinho, 1912)
Médico,
poeta e dramaturgo
Com o auxílio financeiro
do irmão e da cunhada, Manuel Laranjeira inscreveu-se, já com 18 anos, num
liceu portuense. Nesta fase da vida escreveu o primeiro poema, Tenho inveja de Cristo… (1898), e,
depois de concluir os estudos liceais, realizou a primeira incursão pela
criação dramática com O Filósofo.
Em 1899 ingressou na
Escola Médico-Cirúrgica do Porto, para seguir medicina.
Manuel
Laranjeira vivia insatisfeito, escrevia muito - sobre crítica social,
artística, literária e política -, e proferia eloquentes conferências.
Em
1908 conheceu Miguel de Unamuno, escritor, poeta e filósofo espanhol, que
esteve em sua casa e se tornou um dos seus maiores amigos e assíduos
correspondentes (1864-1936). Unamuno escreverá um dia que "foi Laranjeira quem me mostrou a alma
trágica de Portugal (…) e não poucos lugares dos abismos tenebrosos da alma
humana".
A
sua saúde deteriorara-se durante os últimos anos de vida. Vivia doente e
isolado e obcecado pelo suicídio, que considerava a forma perfeita de
"redenção moral".
in “Universidade do Porto” (excertos)
***
Palavras
de Manuel Laranjeira
“Crer...! Em
Portugal, a única crença ainda digna de respeito é a crença — na morte
libertadora.”
***
VENDO
A MORTE
Em tudo vejo a morte! e, assim, ao ver
que a vida já vem morta cruelmente
logo ao surgir, começo a compreender
como
a vida se vive inutilmente...
Debalde (como um náufrago que sente,
vendo a morte, mais fúria de viver)
estendo os olhos mais avidamente
e
as mãos prà vida... e ponho-me a morrer.
A morte! sempre a morte! em tudo a vejo
tudo ma lembra! e invade-me o desejo
de
viver toda a vida que perdi...
E não me assusta a morte! Só me assusta
ter tido tanta fé na vida injusta
...
e não saber sequer pra que a vivi!
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