ENTRE
DOIS ESCRITORES DE TEATRO
No dia da primeira
representação do Íntimo chegava a Lisboa
um número do Figaro com esta nouvelle à la main:
«Entre dois escritores de
teatro:
- Porque não vais nunca às primeiras
representações?
- Porque as peças, quando são más,
aborrecem-me, e, se são boas, irritam-me.»
Cá
vão; irritam-se e denunciam-no nos jornais, elogiando calorosamente,
excessivamente, em artigos cheios de mas …
e de porém ... As más não os aborrecem,
como ao outro de Paris, - alegram-nos e tanto que voltam a vê-las ... a ver como
está a casa. Vazia a plateia; nos camarotes algumas familias borlistas; a voz
dos actores mal humorados reboa pelo casarão, duma frieza congeladora.
Sentem-se mesmo ao pé da orquestra arrepios de frio. E, com a gola dó casaco
levantada, sempre se goza uma tal satisfação !
in “BALAS ... DE
PAPEL” – Publicação bimensal – 20 de Janeiro de 1891, dirigida por Gualdino
Gomes e Carlos Sertório.
Imagem: pintura de Wassily Kandinsky (Rússia, 1866 – França,
1944).
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