Bento da Rocha Cabral, (Paradela de Guiães, Portugal, 1847 – 1921).
Espírito republicano, autodidacta e empreendedor, como prova a riqueza que fez no Brasil, viajou pela Europa e pela América, até um dia regressar ao país com ideias bem precisas: deixar em testamento grande parte da sua fortuna para a criação de um instituto de investigação científica, dirigido por Ferreira de Mira, com quem nunca se tinha encontrado apesar de conhecer a sua obra.
Bento da Rocha Cabral, no testamento que deixou em 1921, contemplou a sua freguesia natal, empregados e familiares, deu conselhos à sua mulher e declarou que “não desejo que se façam convites para o meu enterro, nem o acompanhamento de padres, nem missas”.
O testamento foi aberto no ano da sua morte e, em Novembro de 1925, começavam os trabalhos do Instituto de Investigação Científica que tem o seu nome no palacete onde morava. Também a rua mudou de nome para passar a ter o seu.
O Instituo começou com quatro investigadores: além do próprio Ferreira de Mira, Ferreira de Mira (filho), Simões Raposo e Lopo de C. Rocha Cabral.
Foi aqui também que Egas Moniz desenvolveu parte dos seus trabalhos experimentais, nomeadamente estudos com cães, que conduziram à descoberta da técnica da angiografia cerebral em 1927, assim como as experiências de desenvolvimento da angiopneumografia, que contaram com a colaboração de Almeida Lima e Lopo de Carvalho.
Desde o seu início, em 1925, até cerca de 1938, o Instituto foi considerado, quer no âmbito nacional como internacional, uma referência na investigação científica, que, estando a par do que se fazia lá fora, honrava e dignificava a ciência portuguesa.
O Instituto cultivou vários ramos das ciências biológicas. Para isso apetrechou-se com vários laboratórios especializados, dispostos por quatro secções: fisiologia, histologia, química biologia e bacteriologia.
Pelo Instituto Rocha Cabral passaram no século XX notáveis homens da ciência, entre os quais um Prémio Nobel.
Nos dias de hoje, o IRC (Instituto Rocha Cabral) presta apoio a investigadores, com bolsas e projectos, e funciona como sede da Sociedade Portuguesa de Biologia. Recentemente foi criada uma quinta secção, a juntar às quatro já referidas, dedicada à História e Filosofia das Ciências.
Fonte: Site regional de Paradela de Guiães (excertos e adaptação)
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